Por que Aécio se esconde nas horas difíceis? Por Paulo Nogueira

Atualizado em 29 de outubro de 2016 às 14:33
Cadê?
Cadê?

Existe um tipo de político que se agiganta quando a situação exige.

Não foge. Enfrenta perguntas ásperas. Está pronto para o combate.

E existe Aécio Neves, o desaparecido.

Dois anos atrás, Aécio pôs fogo no país ao não reconhecer a derrota para Dilma. Começava aí o processo de impeachment.

Aécio estava em todas. Quantas vezes não o vimos ao lado de Eduardo Cunha, ambos sorridentes comendo pasteis na companhia de tipos como Paulinho da Força?

Chegamos a ver, com frequência inusual, Aécio na tribuna do Senado, com discursos inflamados que nada lembravam o palavreado mineiro e macio do neto de Tancredo.

Aécio parecia Tom Mix: estava numa louca cavalgada. Tiros para um lado, tiros para o outro.

Os ventos estavam amplamente favoráveis para ele e para os golpistas em geral.

Era dar o golpe e tomar o poder. Pronto. Para Aécio, particularmente, 2018 estava a uma esquina, ao alcance dos dedos. Finalmente a faixa presidencial onde deveria estar — nele.

Mas subitamente as coisas começaram a dar errado. Não uma ou outra, mas tudo. Temer foi um fiasco desde o primeiro instante. Mostrou competência apenas para uma coisa: fugir das vaias.

Inventou um diálogo com Putin, de quem não recebeu atenção nenhuma numa viagem ao exterior. Montou um ministério não apenas de homens — mas de homens manjadamente corruptos. Acomodou no governo gente ligada a Eduardo Cunha, seu antigo companheiro.

Na economia, as notícias não poderiam ser piores. Quem foi ludibriado com a lorota de que, derrubada Dilma, o sol voltaria a brilhar instantamente teve um choque brutal de realidade.

E para culminar, ele, Temer. Na semana passada, uma pesquisa apontou que apenas 9% dos ouvidos aprovam Temer.

Cresce o sentimento de que este regime não chegará a 2018.

E Aécio?

Sumiu. Um levantamento no Google e verifiquei que ele escreveu dias atrás, em sua coluna na Folha, um texto sobre o desastre de Mariana.

Nada sobre a assombrosa crise política da qual ele é um dos maiores responsáveis — se não o maior.

Este é Aécio. Tom Mix quando tudo está a favor. E desaparecido quando as coisas se complicam.