Publicado originalmente no site Tempos Fraturados
Um fato inegável, e que irei provar com dados concretos, é que o Datafolha sempre erra a votação dos candidatos do PT à prefeitura e ao governo do estado de São Paulo. E esses erros sempre ocorrem em prejuízo dos candidatos petistas.
E isso já acontece há muito tempo.
Na sequência eu comento os resultados das pesquisas Datafolha sobre 7 eleições disputadas em São Paulo que contaram com a participação de candidatos do PT (sendo 6 para o governo do estado e uma para a capital paulista) onde esses erros aconteceram.
1- Marta Suplicy em 1998: O Datafolha foi decisivo para tirar a candidata do PT do 2o. Turno!
O caso mais famoso, mas que não foi o único, foi o da então candidata petista Marta Suplicy ao governo do estado de SP que, em 1998, quase tirou o então governador Mário Covas do segundo turno.
Na antevéspera da votação, o Datafolha divulgou uma pesquisa, que mostrou os seguintes resultados:
Maluf 31%;
Covas 18%;
Rossi 17%;
Marta 15%.
Mas os resultados da eleição foram os seguintes:
Maluf 32,1%;
Covas 23%;
Marta 22,5%;
Rossi 17,1%.
Nota-se que a votação de Marta (22,5%) superou em 7,5 p.p. aquilo que o Datafolha mostrou em sua última pesquisa (15%), uma diferença absurda, que ficou muito acima da margem de erro (de 2 p.p.).
E o mesmo vale para a votação de Mário Covas, que ficou 5 p.p. acima do resultado da última pesquisa. O Datafolha somente acertou os resultados da votação de Maluf e de Rossi.
Foram erros muito significativos, por parte do Datafolha, e que custaram a passagem de Marta ao segundo turno, pois muitos eleitores deixaram de votar nela para votar em Covas, que tinha, segundo o Datafolha, maiores chances de tirar Rossi do segundo turno, que todos sabiam seria disputado contra Maluf.
2- Genoíno e a eleição para o governo do estado de SP em 2002: Outro erro grotesco do Datafolha!
Em 2002, José Genoíno (PT) foi candidato ao governo do estado de São Paulo.
Genoíno disputava com Maluf quem iria para o segundo turno contra Alckmin, segundo apontava a pesquisa Datafolha que foi realizada nos dias 4 e 5 de Outubro (a eleição ocorreu no dia 6).
A última pesquisa Datafolha antes da eleição e os resultados da votação mostraram os seguintes resultados (em votos válidos);
Alckmin 39% – votação foi de 38,3%
Maluf 27% – votação foi de 21,4%;
Genoíno 24% – votação foi de 32,5%.
Mas vejam que o resultado da eleição foi muito diferente, nos casos de Genoíno e Maluf.
Genoíno terminou o primeiro turno com 8,5 p.p. acima do que a última pesquisa Datafolha havia apontado (32,5% X 24%).
Enquanto isso, Maluf terminou com menos 5,6 p.p. do que o Datafolha mostrava em sua última pesquisa (21,4% X 27%).
A diferença entre a pesquisa e a votação dos dois candidatos ficou bem acima da margem de erro da pesquisa, que era de apenas 2 p.p.
O Datafolha dizia que Genoíno e Maluf disputariam voto a voto uma vaga no segundo turno, mas não foi isso o que aconteceu.
Em número de votos, Genoíno superou Maluf com grande folga, conquistando 6.361.000 votos, contra apenas 4.190.000 de Maluf, uma diferença de 2.171.000 votos a favor do candidato petista.
O Datafolha acertou somente a votação de Alckmin, pois este conquistou 38,3% dos votos válidos e o Datafolha mostrava que ele teria 39%.
O erro do Datafolha não foi suficiente para impedir que Genoíno fosse para o segundo turno, mas independente disso a diferença entre o que a pesquisa mostrava e o resultado da eleição foi muito grande, ficando bem acima da margem de erro.
3- Governo do estado de SP em 2006: Datafolha errou feio a votação de Mercadante!
Na eleição para o governo do estado SP, o Datafolha acertou a votação de José Serra, que venceu a eleição no primeiro turno, com 57,9% dos votos, pois o instituto dizia que ele teria 59% dos votos. A diferença ficou dentro da margem de erro (de 2 p.p.).
Mas no caso do petista Aluizio Mercadante a diferença ficou bem acima da margem de erro, pois ele conquistou 31,7% dos votos válidos, sendo que o Datafolha mostrou, na véspera da eleição, que ele teria 25% dos votos válidos.
A diferença ficou em 6,7 p.p., em prejuízo de Mercadante (PT).
E em 2010, na eleição para o governo do estado de SP, o mesmo voltaria a acontecer com o mesmo Mercadante, com uma diferença ainda maior entre o que o Datafolha mostrava e a votação que o candidato do PT conquistou.
4- Governo do estado de SP em 2010: Datafolha errou a votação de Alckmin e Mercadante!
Em 2010, novamente, o Datafolha errou o resultado da votação do candidato petista Aluizio Mercadante ao governo do estado de SP e, desta vez, também errou a votação de Alckmin, que acabou sendo eleito no primeiro turno.
Na última pesquisa Datafolha antes da eleição, feita na véspera, Mercadante apareceu com 28% (votos válidos), mas nas urnas ele conquistou 35,2%.
A diferença foi de 7,2 p.p., bem acima da margem de erro (de 2 p.p.), em prejuízo de Mercadante. Assim, novamente o candidato do PT apareceu com intenções de voto (28%) bem inferiores ao que foi conquistado (35,2%).
Enquanto isso, o Datafolha dizia que Alckmin teria 55% dos votos, mas conquistou bem menos, chegando a 50,6% dos votos. Assim, a diferença foi de 4,4 p.p., acima da margem de erro.
Portanto, embora tenha acertado que Alckmin venceria no primeiro turno, o Datafolha errou a votação dos dois primeiros colocados e, nos dois casos, essa diferença ficou acima da margem de erro.
E novamente o erro se deu em prejuízo de um candidato do… PT.
É impressionante. Isso nunca muda.
5- Prefeitura de São Paulo em 2012: Datafolha errou resultado de Haddad e Russomanno!
Na eleição para a prefeitura de São Paulo, em 2012, o Datafolha errou a votação de Haddad e de Russomanno e no caso de Serra ela ficou quase igual ao que a pesquisa do instituto mostrou na véspera.
Tivemos os seguintes resultados, da pesquisa e da votação (votos válidos):
Serra 28% – votação foi de 30,7%;
Russomanno 27% – votação foi de 21,6%;
Haddad 24% – votação foi de 29%.
Assim, Serra conquistou 2,7 p.p. acima do que foi apontado pelo Datafolha, enquanto que Haddad teve 5 p.p.. acima do que foi mostrado pelo instituto. E a votação de Russomanno ficou mais distante, conquistando 5,4 p.p. a menos do que aparecia na pesquisa.
Então, essa foi mais uma eleição em que o candidato do PT apareceu, na pesquisa realizada na véspera, com intenções de voto bem menores do que aquilo que foi alcançado nas urnas. Haddad teve 5 p.p. a menos que o Datafolha mostrou.
A única menção positiva é que a pesquisa Datafolha dos dias anteriores apontou a tendência da votação dos 3 candidatos, com Serra e Haddad subindo e com Russomanno caindo.
Mas o resultado final ficou fora da margem de erro (2 p.p.) para os 3 candidatos, embora no caso de Serra tenha sido por pouco (0,7 p.p.).
6- Eleição para o governo do estado de SP em 2014: Datafolha errou feio a votação do petista Alexandre Padilha (PT) e de Skaf! E também errou a diferença entre a votação de Skaf (PMDB) e a do candidato do PT!
Na eleição para o governo do estado de SP em 2014, novamente o Datafolha errou feio a votação do candidato do PT, que foi Alexandre Padilha.
Na última pesquisa antes da eleição, feita 3 dias antes da eleição, o candidato petista apareceu com apenas 13% dos votos válidos, mas na eleição ele conquistou uma votação de 18,2%. A diferença foi de 5,2 p.p. a menos na pesquisa, que tinha uma margem de erro de 2 p.p.
E o Datafolha também errou a votação de Paulo Skaf (PMDB), que ficou em segundo lugar na eleição, conquistando 21,5% dos votos válidos. Mas na pesquisa Datafolha ele apareceu com 26% das intenções de voto, o dobro de Alexandre Padilha (PT).
Assim, a pesquisa mostrou Skaf com 13 p.p. de vantagem sobre Padilha (26% X 13%), mas na eleição a diferença foi bem menor, de apenas 3,3 p.p. (21,5% X 18,2%), pouco acima da margem de erro (2 p.p.).
A diferença entre a votação de Skaf (PMDB) e a de Padilha (PT) foi, portanto, 9,7 p.p. menor do que aquela que o Datafolha mostrou em sua pesquisa feita 3 dias antes da eleição.
É uma diferença absurda e absolutamente incompreensível, pois a margem de erro da pesquisa era de apenas 2 p.p.
O Datafolha acertou apenas a votação de Alckmin, que conquistou 57,3% dos votos, enquanto que a pesquisa do instituto indicava 58%.
7- Governo do estado de SP em 2018: Datafolha errou a votação de Luiz Marinho e de Skaf!
Na eleição para o governo do estado de SP, o instituto Datafolha errou a votação do candidato petista Luiz Marinho (PT), que aparecia no Datafolha com 8% nos votos válidos, nas urnas ele conquistou 12,7%. A diferença (de 4,7 p.p.) ficou acima da margem de erro (de 2 p.p.).
E o Datafolha também errou a votação de Skaf (MDB) e de Márcio França (PSB). Skaf apareceu no Datafolha com 27% e França com 22%, mas o resultado da eleição mostrou Skaf com 21,09% e França com 21,53%.
Assim, Skaf teve 5,91 p.p. a menos na eleição do que aparecia no Datafolha, enquanto que França conquistou 0,47 p.p. a menos do que teve na pesquisa (o que está dentro da margem de erro). E a diferença de 5 p.p. a favor de Skaf (PMDB) se tornou uma diferença de 0,44 p.p. a favor de França (PSB).
O Datafolha, portanto, somente acertou a votação de João Dória (teve 31,8% dos votos e apareceu com 32% na pesquisa) e de França (teve 21,53% dos votos e apareceu com 22% na pesquisa), errando a votação de Skaf (Datafolha apontou mais 5,91 p.p.) e do petista Luiz Marinho (Datafolha apontou menos 4,7 p.p.).
8- A falta de credibilidade das pesquisas: Afinal, porque o PT é sempre o partido mais prejudicado?
Portanto, em função de tantos erros que mostrei aqui, e que são grotescos em muitas oportunidades, considero um equívoco total levar em consideração o resultado das pesquisas eleitorais para definir o voto para este ou aquele candidato.
As pesquisas erram muito e não servem de referencial para a tomada de decisões na hora de escolher um candidato. Neste texto eu analisei as pesquisas do Datafolha, que servem de referência para muitos eleitores, mas tenho certeza de que se fizesse uma análise das pesquisas de muitos outros institutos não teríamos grandes diferenças quanto aos resultados e muitos erros apareceriam.
Isso vale ainda mais, essencialmente, para os eleitores do PT.
Afinal, como demonstrei aqui, com dados concretos e incontestáveis, são sempre os candidatos do PT que aparecem com intenções de voto nas pesquisas que nunca se confirmam nas eleições.
Os candidatos do PT sempre conquistam muito mais votos do que as pesquisas eleitorais apontam, mesmo no caso de pesquisas que são realizadas nas vésperas das eleições.
E os institutos de pesquisas nunca explicaram porque isso sempre acontece.
Afinal, será que existe alguma falha na metodologia das pesquisas que impede que elas consigam captar as verdadeiras intenções de votos dos candidatos do PT?
O interessante é que quando se trata de eleição com apenas 2 candidatos, ou seja, nas disputas do segundo turno, o Datafolha acerta os resultados das eleições, mas isso não acontece quando as pesquisas envolvem um grande número de candidatos.
E existe um claro problema nas pesquisas do instituto em conseguir captar as intenções de votos nos candidatos do PT, que são sempre bem maiores do que as pesquisas do Datafolha apontam.
Então, talvez isso indique que existe um problema na metodologia do instituto nestes casos.
Na dúvida, a sugestão que passo para os eleitores que simpatizam com o PT é a seguinte: Ignorem os resultados das pesquisas e votem nos candidatos do partido, pois eles sempre terão muito mais votos do que as pesquisas mostram.
É isso.
Links:
Pesquisa Datafolha – Eleição – Marta em 1998: candidata ao governo do estado de SP:
Pesquisa Datafolha de 1998 para o governo do estado de SP:
http://media.folha.uol.com.br/datafolha/2013/05/02/intvoto_gov_sp_02101998.pdf
Resultados das eleições de 1998 para o governo do estado de SP:
Resultados das eleições para o governo do estado de SP em 2002:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%B5es_estaduais_em_S%C3%A3o_Paulo_em_2002
Pesquisa Datafolha em 2002 para o governo do estado de SP:
Pesquisa Datafolha na eleição para o governo do estado de SP em 2006: