Relembrando Jay Gatsby no aniversário de morte de seu criador, o escritor americano FS Fitzgerald
“Gatsby acreditava na luz verde, no futuro orgástico que, ano após ano, costuma recuar diante de nós. Ontem fomos iludidos, mas não importa – amanhã correremos mais rápido, esticando nossos braços mais além… E em uma bela manhã… E assim avançamos, botes contra a corrente, impelidos incessantemente de volta ao passado.”
Hoje, dia 21 de dezembro, é aniversário de morte de um dos maiores escritores de todos os tempos – e, particularmente, um de meus três favoritos. Pertencente à Geração Perdida, termo popularizado por Hemingway no livro “O Sol Também se Levanta”, Fitzgerald retratou como ninguém a elite americana da Era do Jazz, que ocorreu durante os anos 20.
O Grande Gatsby foi por anos meu romance favorito, e é a obra mais conhecida de Fitzgerald. Em suas principais adaptações para o cinema ou para a televisão, Jay Gatsby foi interpretado por atores como Robert Redford, Toby Stephens e — agora — Leonardo DiCaprio.
Gatsby é, de fato, um dos personagens mais fascinantes da literatura. Elegante e misterioso, Gatsby dá em sua mansão festas suntuosas. De acordo com o crítico inglês Tony Tanner, “Gatsby é um espectador sóbrio e isolado de suas próprias festas, mantendo uma curiosa distância de tudo o que possui e exibe – tanto que ostenta camisas que nunca usou, livros que nunca leu e convites para nadar na piscina em que raramente nadou.”
“Embora seja um exagero dizer que a ocupação real de Gatsby seja em si uma obscenidade”, escreveu Tanner, “é certo que sua ocupação, riqueza e identidade estão claramente fundadas em uma série de atividades mais ou menos sujas e criminosas.”
Gatsby afundou-se em um mundo criminoso e superficial, tudo para conquistar seu amor – a calculista, volúvel e frívola Daisy. Nick Carraway, o narrador, é primo de Daisy e vizinho de Gatsby. Com a ajuda de Nick, Gatsby reencontra seu amor perdido, depois de ter esperado cinco anos e comprado uma mansão onde partilhava a luz das estrelas com mariposas ocasionais.
Daisy e Gatsby se apaixonaram quando ela era uma jovem e bela socialite e ele era um soldado pobre ambicioso. Quando se separaram, Daisy volta a seguir a estação; “de repente, estava de novo marcando meia dúzia de encontros por dia com meia dúzia de homens e indo dormir ao amanhecer, com as contas e o chiffon de um vestido de noite enroscados entre orquídeas no chão ao lado da cama” – e, posteriormente, casando-se com um milionário detestável, Tom Buchanan. Gatsby, por sua vez, continuou a amá-la com uma constância tão admirável quanto patética.
Quando tudo dá errado para Gatsby, Nick é o único que fica ao seu lado. Em meu momento favorito de todo o livro, já no final, Nick grita através do gramado, “É uma gente ordinária! Você vale muito mais do que todos eles juntos.” A reação de Gatsby também é cativante: “Primeiro, ele assentiu com a cabeça de forma educada, e então abriu aquele sorriso radiante e sábio, como se houvéssemos concordado nesse ponto o tempo todo.”
Eu, assim como Nick, passei a nutrir um sentimento de desprezo solidário à Gatsby contra Daisy e Tom. O encantador Gatsby, com sua sublime prontidão romântica e tendência à idealização, cujas festas atraíam milhares de pessoas mas cujo velório é solitário… E então pensamos na estranha beleza das jornadas desesperadas pela paixão passada, como a dele. Perguntei ao meu pai, um dia, se ele achava que Gatsby iria ao encontro de Daisy, tantos anos depois, se soubesse o que o aguardava.
E ele me disse que achava que sim; afinal, estamos sempre remando contra a corrente, sempre, sempre, sempre.