Estou com Nassif nas batalhas judiciais que ele trava com Ali Kamel, Eduardo Cunha e Gilmar Mendes.
Por três razões.
Primeiro, o mundo pelo qual se bate Nassif é muito melhor – mais justo, mais igualitário – do que o representado por Kamel, Cunha e Mendes.
Os três simbolizam o 1%, a plutocracia predadora.
Nassif claramente está com os 99%. Combate o bom combate.
A segunda razão é que jornalistas como Nassif enfrentam situações pedregosas na Justiça brasileira.
Todos sabemos quanto os juízes – a maior parte deles – são enviesados. O conservadorismo petrificado deles faz a diferença na hora de examinar causas.
Entre Nassif e Kamel, quem tende a receber um olhar mais generoso no tribunal? Para onde vai a simpatia de quem julga?
Em terceiro lugar, a jornada de Nassif é muito mais desafiadora do que a de quem está do outro lado.
A direita protege a direita. A plutocracia cuida dos seus defensores.
Nesta semana mesmo. A revista Época está veiculando um encarte de dez páginas publicitárias do governo de São Paulo.
Qual motivo para gastar um monte de dinheiro com uma revista em acentuado declínio de circulação?
Diga a última vez que você viu alguém lendo uma Época num restaurante, num bar, numa padaria.
E comprando um exemplar numa banca, há quanto tempo você não vê ninguém fazendo isso?
Só que a Época, recentemente, se tornou uma outra Veja, dedicada a ataques constantes, e quase sempre inconsistentes, a Lula e ao PT.
Então interessa ao governo Alckmin prestigiá-la. Assim como interessou financiar o site Implicante, uma fábrica de calúnias antipetistas.
A lógica é a mesma.
Chove dinheiro para você quando você está com o poder econômico.
Reinaldo Azevedo, antes de ir para a Veja, trabalhou numa revista, Primeira Leitura, que mesmo insignificante era alvo de publicidade constante do governo de São Paulo.
Hoje, Azevedo, sem nenhum embaraço, faz sermões sobre publicidade oficial.
É mais ou menos como Aécio na meritocracia. Quando ele nomeia amigos, parentes, amigos de amigos, é meritocracia.
Quando os outros fazem, é aparelhamento.
Nassif tem menos receita publicitária do que merecia ter. Seu site – sei porque acompanho a audiência em medidores como o SimilarWeb – é um dos mais lidos e respeitados na internet progressista.
Seria uma tragédia para democracia brasileira se sites como o de Nassif se inviabilizassem.
Eles são a única fonte de pluralidade de informação, uma vez que o pensamento conservador, ou ultraconservador em casos como o da Veja, domina por completo o conteúdo das grandes corporações.
Defender Nassif é, portanto, também defender a pluralidade.
E finalmente é preciso dizer o seguinte. Ninguém, na mídia, objeta quando é noticiado que a Globo – com audiências despencando, e com um conteúdo sinistro para quem quer um país menos desigual – recebe meio bilhão de reais por ano em anúncios.
No entanto basta aparecer um anúncio de qualquer estatal no site de Nassif para que falsos moralistas cinicamente façam discursos histéricos e desonestos.
Como consequência disso, a Secom – o órgão do governo que centraliza a publicidade – se sente intimidada, e faz muito menos do que deveria para promover a pluralidade de opiniões. Quem perde é a sociedade.
Por tudo isso, estou com Nassif. Inteiramente.