O Brasil que já estava cansado da xenofobia seletiva de Ana Paula Henkel agora descobre que ela não é caso isolado no vôlei: Fernanda Venturini entrou para o time ao gravar um vídeo ironizando a vacina contra a covid e dizendo que se imunizou apenas para poder viajar o mundo.
Não esqueceu de manifestar seu preconceito com a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech, e largamente distribuída em São Paulo, cidade que escolheu para se imunizar.
“Vou tomar Pfizer que eu acho que é menos pior”, comentou em tom sarcástico.
Foi, obviamente, criticada por atletas e acabou pedindo desculpas.
Fernanda e Ana Paula integram o time de ex-atletas que abraçou o bolsonarismo com gosto tão logo o capitão começou a fazer sucesso nas redes destilando ódio, homofobia, machismo e desprezo pelos povos da América espanhola.
Como Bolsonaro, são veteranas neste quesito.
O ódio a Cuba é um exemplo. Ambas veem na pequena ilha do Caribe todo o mal que pode haver na face da terra.
Faz sentido se considerarmos o ressentimento de quase 3 décadas atrás, quando foram derrotadas na semi e viram as cubanas vencerem os Jogos Olímpicos de Atlanta, nos EUA.
Brasileiras e cubanas se provocaram o jogo inteiro até o ponto final em favor das adversárias, quando iniciou uma briga generalizada. Da quadra, o quebra pau se estendeu até o vestiário de ambas as equipes.
Ana Paula e Fernanda protagonizaram a confusão pelo lado brasileiro.
Jamais se libertaram do ódio, ao contrário das adversárias: Mireya Luis, Regla Torres, Magalys Carvajal, as principais jogadoras de Cuba, lembram com carinho do confronto e elogiam a qualidade técnica das meninas do Brasil.
– Foi uma partida muito difícil e elas quase ganharam, contou Regla Torres anos mais tarde. As brasileiras não ficaram felizes com o resultado, começou uma briga… mas, no fim, vencemos um jogo espetacular, uma partida linda e muito disputada.
Ao contrário das brasileiras, que se distanciaram após o fim de carreira, as cubanas mantêm contato até hoje.
Entraram para a história como as “Morenas do Caribe” por representarem o terceiro mundo, mulheres simples, humildes, quase todas negras.
É disso que se trata.
Fernanda Venturini e Ana Paula Henkel não se enxergam nesse modelo.
Preferem, se for o caso, fritar hambúrguer nos Estados Unidos, como Eduardo Bolsonaro, que conviver em paz com sua história e suas origens.