Originalmente publicado em TIJOLAÇO
Por Fernando Brito
A ombudsman da Folha, Flávia Lima levanta, sem ponto de interrogação à questão de que “a cobertura que a imprensa faz de Paulo Guedes ainda é, no estilo e no tom, diferente daquela feita sobre as falas da ministra Damares Alves, ou do ex-ministro Abraham Weintraub”, que traduzi na pergunta aí do título.
E a resposta, de uma imensa obviedade, é a de que o extinto Posto Ipiranga sustenta, afinal, o “não-programa econômico” que, desde Fernando Henrique Cardoso , da direita brasileira: o “polidesmonte” do país.
Guedes é um “fundamentalista” do primarismo que ataca, porto dos os lados, a única possibilidade que tem o Brasil de construir seu destino: incluir, assistir, educar, criar, transformar o que poderia ser um dos maiores mercados de consumo do planeta associado a uma capacidade de produzir e, assim, gerar trabalho e renda que sirvam de combustível a tudo o que se listou.
A história é sempre a mesma: “o Estado atrapalha”, “a iniciativa privada faz melhor”, “para que produzir se é mais barato comprar” e outros simplismos do gênero, tratados como “verdades auto-explicadas”.
A rigor, o único objetivo econômico do país não é sequer o “ajustar as contas públicas” que se apregoa tanto, mas o de responder com cortes irracionais (além de desumanos) à perda de capacidade de gerar renda pública crescente do Brasil e, continuar com o processo de alienação de patrimônio palpável (privatização do que há) e potencial (concessões do que está maduro para ser) com a desculpa (sim, sempre verdadeira na penúria) de que não há aqui capitais para o investimento necessário.
É o moto contínuo do do atraso e da pobreza, a vocação de gerente de um entreposto colonial que há séculos domina os grupos dominantes do Brasil.
Paulo Guedes não está fazendo nada que não seja cometer o crime de expressar com clareza o pensamento ridículo que habita, em silêncio ou travestido de fórmulas em “economês”: o de que somos o país onde as “regalias ao pobres” atravanca o desenvolvimento econômico: ora são os encargos sociais “no cangote” do empresário, ora é a doméstica que ia à Disney, agora o filho do porteiro na universidade.
A solução, genial, é o “ticket” da Saúde, para ir ao Sírio e Libanês e o “ticket” educação, que poria os filhos dos pobres na PUC.
A capacidade asnática de de Guedes só não é maior do que a de uma elite que o sustenta.