Atenção: o texto abaixo foi publicado poucas horas antes de vir à cena, neste sábado pela manhã, a informação de que Marina se filiará ao PSB.
“Tenho fé em Deus e na Justiça”, disse Marina em sua conta no Twitter, horas antes da decisão do TSE sobre se sua Rede de Sustentabilidade poderia concorrer ou não em 2014.
Sua fé acabou duplamente frustrada. Sobrou o duvidoso consolo do voto solitário de Gilmar Mendes a favor da Rede. Mas houve outros seis votos contra, e o sonho de Marina, pelo menos por ora, terminou. Nem Marco Aurélio de Mello, alma gêmea de GM, o acompanhou desta vez.
Foi uma questão aritmética, e não política, como muitas pessoas erradamente estão afirmando. Faltaram assinaturas, simplesmente. Eram necessárias 492 000, e a Rede ficou 50 000 aquém disso. Ponto.
Chorar é livre, e muitos seguidores de Marina estão fazendo exatamente isso. Alguns desabafos no Twitter pareciam de pessoas prestes a atear fogo às vestes. Mas é mais produtivo para o comando da Rede entender, racionalmente, as razões do fracasso para correções futuras.
Os órfãos desesperados de Marina provavelmente ficarão poucas horas no estado de orfandade. A Rede está fora de 2014, mas Marina pode estar dentro. E é essa a questão que mesmeriza o mundo político brasileiro nestas horas. Marina empurrou para este sábado o anúmcio sobre se concorre ou não por outro partido.
Como o choro, o palpite também é livre, e minha crença é que Marina acabará concorrendo. Tenho para mim que a máxima de Wellington se aplica ao caso: quem acredita que ela ficará de fora acredita em tudo.
As vantagens para ela, e para a Rede, são muitas. Marina terá uma mídia colossal, como candidata, para promover a si própria, a suas ideias e a seu (futuro) partido.
As manifestações de junho criaram, ou reforçaram, em torno dela a aura de política “pura”, diferente de tudo que está aí. Quanto há de percepção e quanto há de realidade nisso é uma pergunta para a qual cada um de nós tem sua resposta.
Sem Marina, a tendência é que Dilma ganhe no primeiro turno, dada a fraqueza extrema dos prováveis candidatos a desafiá-la, como Aécio e Eduardo Campos.
Campos será, em 2014, um personagem regional, e portanto um coadjuvante. E Aécio vem espalhando ideias tão velhas que não serviriam sequer para seu avô Tancredo, a despeito de expressões pretensamente modernas e definitivamente ridículas como “papo reto”.
Com Marina, a disputa ficaria mais nervosa. O eleitorado de esquerda frustrado com o pragmatismo do PT vê nela – não importa se com razão ou não — a resposta para seu desencanto.
Para a sociedade, é bom que Marina esteja na disputa. Sua presença exigirá mais de Dilma como candidata à reeleição, e isso é positivo.
Situações de conforto podem levar a acomodações. As chamadas Jornadas de Junho, por exemplo, geraram o Mais Médicos, a melhor coisa que Dilma fez em seu governo.
É bom, para o Brasil, que Marina esteja nas eleições de 2014.