Um detalhe, e que detalhe, que se repete em situações de tensão e preconceito que exigem coragem.
Enquanto a Polícia Federal ordenava que a cientista social e pesquisadora negra Samantha Vitena saísse do avião da Gol, em Salvador, porque teria se negado a retirar uma mochila do compartimento de bagagens de mão, só vozes de mulheres eram ouvidas.
Não há vozes masculinas, nem para simular alguma indignação, daquelas indignações filmadas para aparecer em algum vídeo nas redes sociais.
O vídeo feito no avião mostra só as mulheres tentando reagir à ordem do comandante do avião e à ação da PF. Os homens ficam calados.
Como ficavam calados e distantes enquanto a deputada Maria do Rosário era agredida no salão verde da Câmara pelo boca-de-cobra.
Os homens disfarçam, olham o celular, espiam pela janelinha, mas não defendem a mulher negra levada para fora do avião por um jovem policial negro.
As coisas poderão começar a mudar quando os homens deixarem de ser covardes dentro ou fora de um avião.
E quando um jovem policial negro se negar a cumprir ordens de um fascista branco contra uma mulher negra.
Que seja um jovem, com a coragem da afronta que os jovens sempre mobilizaram contra agressores. Que se inspirem na coragem que um dia Zumbi, Rosa Parks e Michael X tiveram.
Que seja um negro disposto a correr todos os riscos em nome de algo maior do que a preservação da sua precária autoridade policial submetida ao comando de algum branco autoritário e racista.
Abaixo, o vídeo:
Originalmente publicado por Blog do Moisés Mendes
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