Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, expressou de forma incisiva sua posição ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao solicitar uma sinalização sobre uma possível redução da taxa de juros. Durante um evento do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Luiza pediu a palavra e afirmou ter ligado para Campos Neto “mais de 20 vezes” recentemente, além de ter enviado vários recados sobre a necessidade de diminuir a taxa Selic, que atualmente está em 13,75% ao ano.
A empresária solicitou, em mais de uma ocasião, “um sinal” sobre a redução da taxa básica. Constrangido, Campos Neto repetiu o que havia dito momentos antes: que não poderia garantir qual seria o movimento dos juros, pois ele é apenas um dos nove votos no Comitê de Política Monetária (Copom). Luiza insistiu e acrescentou: “Reduza os juros, mas não em 0,25 ponto percentual, porque isso é muito pouco”.
Essa declaração provocou risos por parte do presidente do Banco Central e dos demais presentes. Em seguida, o anfitrião anunciou que era preciso encerrar o evento, pois havia recebido sinais da assessoria de Campos Neto sobre outra agenda que ele ainda tinha para cumprir no mesmo dia. Fora dos microfones, mas ainda audível, a empresária afirmou que ligaria para ele mais 20 ou 30 vezes, se necessário. Ela também cobrou uma sinalização por parte de Campos Neto, que não foi dada.
O anfitrião fez um gesto indicando que o evento seria encerrado, mas Luiza insistiu: “Não faça isso, deixe-o dar o sinal”. Então, o presidente do Banco Central afirmou que retornaria ao evento em um ano e tinha certeza de que a avaliação posterior sobre o trabalho da instituição seria reconhecida. “Muitas pessoas estarão quebradas até lá”, disse a empresária, que ressaltou que o Magalu emprega 35 mil pessoas diretamente.
Durante o evento, empresários de diversos setores do varejo reclamaram dos juros elevados no país. Campos Neto admitiu que a Selic está alta no momento, mas comparou-a com a média histórica, destacando que não estava acima dessa média. Além disso, ele afirmou que as principais condições para a flexibilização da política monetária, como as expectativas do mercado e a redução dos juros futuros, já estavam em andamento.
Sinalização
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, disse que os juros futuros no país têm caído de maneira relevante, abrindo espaço para um corte da Selic, a taxa básica de juros. Ele, porém, não especificou quando essa redução poderá acontecer. Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano.
“A curva de juros futuros tem tido queda relevante. Isso significa que o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para a atuação da política monetária à frente”, afirmou em evento com varejistas, nesta segunda-feira (12).
Campos Neto também destacou que a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está trabalhando para criar um cenário favorável para a queda dos juros, inclusive com a aprovação do novo arcabouço fiscal.
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