Porto Alegre terá show de banda envolvida em neonazismo, suicídio, canibalismo e assassinato

Atualizado em 16 de março de 2023 às 10:38
A banda Mayhem

A banda Mayhem, pioneira do black metal, fará uma passagem pelo Brasil no mês de março, com duas apresentações: uma em Porto Alegre, no dia 21, e outra em Brasília, no dia 22.

É parte da turnê de lançamento de “Daemon”, seu sexto álbum de estúdio.

O Mayhem tem um pé no neonazismo: o baterista Hellhammer se manifestou contra a “mistura de raças” e os estrangeiros na Noruega. Os integrantes desfilaram e venderam material com suásticas, o emblema da Totenkopf (divisão da SS cujo símbolo era a figura de uma caveira com ossos) e do Nasjonal Samling, o partido fascista norueguês.

Mas essa é a parte mais suave da história. O site Cadê Meu Whisky conta tudo:

Fundada na Noruega em 1984 pelos músicos Necrobutcher (baixo), Manheim (batera) e Øystein Aarseth (guitarra – conhecido como Euronymous, guarde este nome!) e tendo como principais influências Slayer e Venon, é uma das principais bandas do cenário black metal norueguês.

Com o tempo o grupo sofreu algumas alterações e no ano de 1988 dois novos integrantes chegaram à “família” Mayhem; o vocalista sueco Per “Dead” Ohlin (contratado após enviar uma fita cassete da sua performance vocal acompanhada de um porquinho da índia em decomposição) e o batera Hellhammer. A nova forrmação da banda parecia mais lendária do que nunca.

Dead era um aficionado pela morte, talvez por conta de um acidente sofrido na infância, em que foi dado como morto. No Mayhem o vocalista deixava isso bem claro em suas performances violentas no palco – se cortando com facas e cacos de vidro – e na sua caracterização. Fazia corpse paint – pintura facial que retrata o rosto de um defunto – usava suas roupas que haviam sido previamente enterradas e por conta disso ficavam infestadas de pequenos germes, além de manter o cadáver de um corvo dentro de uma bolsa para sentir  a “essência da morte” no palco.

Assim era o vocalista de uma das bandas mais importantes do chamado Inner Circle, movimento que propagava o ódio pelo cristianismo e que entre outras coisas incendiava as principais igrejas da Noruega.

Cartaz do show do Mayhem em Porto Alegre

Em 8 de abril de 1991, Dead cometeu suicídio. Cortou os pulsos e atirou contra sua cabeça com uma espingarda. Deixou um bilhete se desculpando pelo sangue. Seu corpo foi encontrado pelo guitarrista Euronymous que, (pasmem!) não chamou a polícia: resolveu fotografar o cadáver de Dead e usar as imagens na capa de uma álbum futuro, no caso, do bootleg Dawn of the Black Hearts (1995).

Segundo reza a lenda, Euronymous teria COMIDO PEDAÇOS DO CRÂNIO DO COLEGA por pura curiosidade. Ainda fez colares com pedaços restantes que posteriormente usou para presentear músicos amigos.

Em 1993 a banda apresentou nova formação. Varg Vikernes (Burzum) assumiu o baixo,  Snorre “Blackthorn” a segunda guitarra, e o húngaro Attila Csihar ficou a frente dos vocais. O que inicialmente parecia uma amizade entre Euronymous e Vikernes logo se transformou em pura rivalidade. Segundo o batera da banda Emperor, Bard Faust em entrevista ao site gringo The Guardian, o lance entre os dois músicos parecia bobo. “Eu acho que havia uma disputa entre eles para definir quem seria mau mais que o outro, mas eu via muita fumaça e nenhum incêndio.”

Bobeira ou não, fato é que a tal rivalidade (que até hoje não ficou tão bem explicada assim) terminou em um sangrento assassinato. Na noite de 10 de agosto de 1993, Varg foi ao apartamento de Euronymous discutir sobre problemas contratuais. O músico alegou ter tomado conhecimento de uma conspiração arquitetada pelo guitarrista que consistia em torturá-lo até a morte e filmar o acontecimento. Os músicos brigaram feio e Varg esfaqueou o guitarra do Mayhen 23 vezes, sendo duas no crânio.

“Eu esfaqueei (três ou quatro vezes) o seu ombro esquerdo enquanto ele corria, já que essa era a única parte que eu podia atingir enquanto estávamos correndo[…] Ele pareceu conformado e disse: “Já chega”, mas então ele tentou me chutar novamente e eu acabei com ele enfiando a faca em seu crânio, pela sua testa, e ele morreu instantaneamente. Seus olhos viraram e um gemido pôde ser ouvido enquanto seus pulmões se esvaziavam depois que morreu. Ele caiu sentado, mas a faca estava enfiada em sua cabeça, então eu o segurei enquanto tentava tirar a faca. Quando puxei a faca de seu crânio ele caiu para frente e rolou por um lance de escadas como um saco de batatas – fazendo barulho suficiente para acordar toda a vizinhança (era uma escadaria barulhenta, de metal)”  – Varg Vikernes no site oficial da banda Burzum. (Leia a tradução na íntegra aqui)

Varg alegou legítima defesa mas acabou preso e condenado a 21 anos, dos quais cumpriu 16 em regime fechado. Ganhou liberdade condicional em 2009 e em 2013 voltou a ser preso acusado de planejar um massacre. Foi solto tempos depois e continua com sua banda de black metal, Burzum.