Pouco antes da eleição de Bolsonaro, Toffoli lembrou em reunião do STF que Villas Bôas tinha 300 mil homens armados

Atualizado em 2 de agosto de 2019 às 9:08
O general Villas Bôas e seu candidato

O episódio está no livro “Os Onze – O STF, Seus Bastidores e Suas Crises”, de Felipe Recondo, sócio-fundador do site Jota, e Luiz Weber, colunista e secretário de edição da sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo.

Uma semana antes da eleição de Bolsonaro, houve uma reunião tensa no gabinete da presidência do Tribunal Superior Eleitoral.

Os ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin cobraram do general Sérgio Etchegoyen, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência no governo Temer, uma punição ao general da reserva Antônio Carlos Alves Correia.

Correia xingara e ameaçara a presidente do TSE, Rosa Weber.

Ela recebeu representantes do PT e do PDT, que contestaram a candidatura de Bolsonaro sob a alegação de que empresários haviam financiado o disparo de fake news no WhatsApp em favor da campanha bolsonarista.

“Achei que seria preso”, disse Barroso, segundo o qual o Exército estava sendo conivente.

Dias Toffoli descreveu um cenário sombrio.

Lembrou que o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, tinha 300 mil homens armados que majoritariamente apoiavam Jair Bolsonaro.

Alexandre de Moraes foi conversar com Villas Bôas, que lhe contou ter sido alvo do general Correia, protocolara representação e o Ministério Público Militar nada fizera.

Quando Toffoli nomeou o general Fernando Azevedo para sua assessoria no STF, a maioria dos ministros não viu nenhum problema.

Toffoli esperava uma vitória de Bolsonaro e o militar seria uma espécie de antena para captar os sinais das Forças Armadas. O decano Celso de Mello foi o único a criticar a presença de um general no Supremo.

É na mão dessa gente que está o Brasil.