O precipício do golpe. Por Fernando Brito

Atualizado em 5 de setembro de 2021 às 9:10
Evaristo Sá/AFP

O jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, escreve sobre o golpismo de Jair Bolsonaro e de seus bolsonaristas. O ato de 7 de setembro que afronta a Constituição e as instituições. Um golpe.

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Precipício do golpe

O precipício do golpe. Por Fernando Brito. Foto: Reprodução/Renato Aroeira

Jair Bolsonaro caminha para o precipício do golpe, não reste qualquer dúvida em quem, otimista, queira imaginar qualquer situação de equilíbrio que pudesse restar a seu governo. Ou, mais bem dito, a seu mandato, porque o governo já desapareceu faz tempo.

O que há é um aglomerado de fanáticos, sem a menor responsabilidade para com o Brasil e os brasileiros. Pior ainda, um aglomerado que, do fanatismo, já decai para a selvageria, a abjeção, o desejo – e, logo, os atos – de quem quer impor pela força a sua fé demoníaca a todos.

São minoria, felizmente, e minoria que só não se mostrará na sua pequenez porque, afinal, as estruturas milicianas estão demonstrando ser a coluna dorsal deste monstro e isso, amanhã, terá de se refletir em seu desmonte.

Os atos bolsonaristas já não comportam a natureza de reunião de idiotas. São banditismo, são subversão da democracia, são o desejo de impor-se pela força.

Ou uma democracia comporta colunas de militares que, despidos da farda (e, provavelmente, nem tanto das armas) vão exigir o direito de serem acima da lei, acima do voto e acima de todos?

Pouco importa se Jair Bolsonaro ainda parece ostentar o apoio de um quarto dos brasileiros, porque nesta conta há os que apoiam qualquer governo: ele precisa serr interditado, pelo seu potencial maléfico.

A uma ano e poucos dias da eleição presidencial, não há, por conta do processo de corrupção do Poder Legislativo, condições de levar à frente um processo de impeachment, que será, já está claro, no voto popular.

Mas há a necessidade urgente de que se bloqueie a sandice do mandatário supremo da Nação e isso significa que ele seja impedido de usar a força para impor sua loucura.

Para isso, não se chama as Forças Armadas para aventuras ou indisciplinas, mas para apenas reagir aos apelos ditatoriais que se camuflam sob a absurda capa da “liberdade de expressão”, que não existe se ela for a expressão das armas.

Se os senhores generais comandantes não são capazes de dizer que suas forças sustentam a democracia e a Constituição, não há que esperar que a democracia e a Constituição sustentem as Forças Armadas.

Bastar-lhes-ia dizer: isso, não!

Não são crianças para seguirem flautistas de Hamelin.

Se aceitarem, porém, serem fichas de um jogador suicida, não reclamem que o croupier da história, ao passar aquele rodinho dos perdedores, não lhes tome as palhetas mal apostadas.