Precisamos de um delator para Sérgio Moro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 4 de setembro de 2022 às 7:48
Sergio Moro de camisa branca e paletó preto falando em microfone
Sergio Moro
Foto: Reprodução/Instagram

Sergio Moro e Deltan Dallagnol desafiaram e afrontaram até o Supremo, para tentar impor a ideia justiceira de que estavam sempre certos.

E agora Moro se submete a uma prova de resiliência, ao ter a casa ocupada por agentes que fizeram busca e apreensão de material de campanha considerado ilegal.

Uma batidinha da Justiça Eleitoral na casa do candidato a senador pelo Paraná deixou Moro indignado. E tudo o que ex-juiz suspeito fez durante os cinco anos de lavajatismo foi agir ilegalmente e provocar indignação.

O ex-funcionário de Bolsonaro foi um magistrado arbitrário, no esforço sem escrúpulos para condenar Lula e abrir caminho para o genocida ser eleito.

Moro agiu ilegalmente para levar adiante condenações que o Supremo acabou anulando.

Moro encarcerou empresários e executivos de empreiteiras para, com a tortura da prisão preventiva interminável, arrancar confissões e delações.

Moro foi o orientador das ações do Ministério Público, atuando como chefe de Dallagnol e da força-tarefa de procuradores de Curitiba.

Moro grampeou uma conversa da presidenta da República com Lula e enviou o grampo para a Globo, mesmo que a gravação fosse ilegal.

Moro desafiou várias vezes a autoridade do ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato, ao afrontá-lo e violar as competências do Supremo.

Moro permitiu que fossem grampeados ilegalmente os telefonemas de advogados de Lula.

Moro determinou que Lula fosse ouvido sob condução coercitiva, quando em nenhum momento o ex-presidente se negou a depor sobre a farsa do tríplex.

Moro nada fez para que Lula pudesse participar do velório do irmão, Genival Inácio da Silva, quando o pedido de soltura temporária do ex-presidente foi feito (e negado) à Justiça.

Moro não impediu, como juiz líder da Lava-Jato, que Deltan Dallagnol tentasse formar um instituto com R$ 2,5 bilhões da Petrobras.

Moro condenou e encarcerou Lula e foi trabalhar para Bolsonaro, sendo demitido por incompetência, ao saber pelo próprio Bolsonaro que não cuidava direito dos interesses da família na Polícia Federal.

E agora o ex-juiz se queixa de abusos que podem ter sido cometidos na operação de busca e apreensão na sua casa.

A busca é motivada por algo aparentemente banal, mas que pode render boa pauta, se o jornalismo for atrás dessa história.

Moro vem escondendo, no material de propaganda, em letras minúsculas, os nomes dos seus suplentes na candidatura ao Senado, o advogado Luis Felipe Cunha, seu amigo pessoal, e o empresário Ricardo Guerra.

Cunha é o coordenador da campanha do amigo e já recebeu R$ 1 milhão do União Brasil, o partido do justiceiro, por “prestação de serviços”.

Por que os nomes de Cunha e Guerra quase não aparecem no material de campanha do ex-juiz suspeito. O que leva Moro a camuflar seus suplentes?

As buscas foram feitas no apartamento do ex-juiz porque o endereço de Curitiba foi declarado à Justiça como sede do comitê eleitoral. Nem os milicianos de Bolsonaro tentariam produzir esse despiste grosseiro.

Quase tudo que Moro e Dallagnol conseguiram na Lava-Jato foi obtido por delações. Um bom delator (a política é uma fábrica desse tipo de gente) poderia esclarecer o que o ex-juiz tenta esconder.

Foi o ministro Gilmar Mendes quem disse: “Tudo o que está associado a Moro tem conotação de arbitrariedade”. E agora, sabemos, também de camuflagens e ilícitos eleitorais que merecem ser melhor esclarecidos.

Texto originalmente publicado no BLOG do autor.

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