Quatro prefeitos confirmaram, neste sábado (19), em matéria do O Estado de São Paulo, que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura estariam agindo para intermediar reunião com o ministro da Educação, Milton Ribeiro. O jornal revelou que pastores vem atuando como lobistas. Gilmar Silva dos Santos é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, enquanto Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade.
Os relatos mostram que os pastores se ofereceram para “resolver problemas” de prefeitos perante o Ministério da Educação, incluindo auxílio em prestações de contas atrasadas a pedidos de liberação de verbas para compra de ônibus escolares e construção e reforma de escolas.
O prefeito de Guarani D’Oeste (SP), Nilson Caffer (PTB) é um dos gestores que revelaram a atuação dos pastores. “Coisas que eu não sabia em que porta bater, eles saberiam me orientar. Ajuda para resolver alguma coisa que eu não desse conta. Por exemplo, eu tenho um negócio enroscado aí, que não sai, essas coisas, para falar com eles, que eles iam me direcionar nos locais certos”, disse.
O prefeito de Jandira (SP), Doutor Sato (PSDB), declarou que frequentava a igreja dos pastores e que também foi levado por eles para falar com o ministro. “Nossa, foi fantástico, foi uma coisa divina.”
A prefeita de Israelândia (GO), Adelícia Moura (PSC) também relatou facilitações. “Eu tinha algumas demandas e fui para tentar resolver. O rapaz que organizou (Arilton) que me incluiu na lista dessa reunião”,
Já o prefeito de Jaupaci (GO), Laerte Dourado (PP), afirmou que é “amigo do pessoal” dos pastores e, por intermédio deles, marcou reunião no MEC para buscar investimento de R$ 800 mil para “reformar escola” e “comprar ônibus”, e os pastores lhe disseram que iriam ajudar.
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Pastores atuam como lobistas, diz jornal
Em outra reportagem divulgada nesta sexta-feira (18), o O Estado de S. Paulo mostrou que os religiosos atuam como lobistas e têm trânsito livre no ministério. Eles viajam em voos da FAB, fazem intermediação com prefeituras e empresários, discutem as prioridades da pasta e o destino das verbas públicas do setor de educação. O Estadão revelou ainda que especialistas consideraram que a atuação dos pastores pode configurar crime de usurpação da função pública.
“Os pastores atuam especialmente na intermediação entre a pasta e prefeitos do Progressistas, do PL e do Republicanos, legendas que integram o núcleo duro do Centrão. O bloco de partidos comanda o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O órgão que concentra os recursos do ministério é presidido por Marcelo Ponte, ex-assessor do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, chefe do Progressistas. De um orçamento de R$ 45 bilhões do MEC em 2022, o FNDE possui R$ 945 milhões”, destacou a reportagem.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) usou suas redes sociais para comentar a notícia. Segundo ele, a interferência de pastores no Ministério da Educação é fato “gravíssimo” e cobrou que os órgãos de controle ajam imediatamente.
GRAVÍSSIMO! A CPI da Covid revelou gabinete paralelo e antivacinas que assessorou Bolsonaro na condução da pandemia. Agora, o @Estadao revela outro desses gabinetes no controle de verbas do MEC. Os órgãos de controle precisam agir imediatamente!https://t.co/JCnfxRjLny
— Rogério Carvalho ?? ⭐️ (@SenadorRogerio) March 18, 2022
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