Presidente da Conib, que ataca Lula, frequentava Bolsonaro “num sentimento pró-Brasil”

Atualizado em 14 de novembro de 2023 às 19:34
Fernando Lottenberg, presidente da Conib, com Bolsonaro

A Globo faz assessoria de imprensa para organizações judaicas. A “versão de Israel” (apud Jorge Pontual), dá a tônica da cobertura vergonhosa do conflito Israel X Hamas.

O capítulo mais recente dessa patacoada é a reação da Conib, Confederação Israelita do Brasil, diante da observação correta de Lula de que Israel comete “terrorismo” na Faixa de Gaza.

Segundo Andréia Sadi, as falas “irritaram a cúpula” da entidade. “Uma fonte” disse a ela que as declarações de Lula são “terríveis”.

“Ele não pode fazer essa comparação. Ato terrorista são os do Hamas. Israel tem que elidir os ataques, destruir arsenais de armas e tentar achar os reféns”, queixou-se a “fonte” para Sadi.

“Ele desconhece detalhes e não recebeu ninguém da comunidade ou de Israel para saber. Falando assim, ele fomenta a antipatia dos simpatizantes dele contra Israel e ajuda a crescer o antissemitismo”.

O garganta profunda da “cúpula da Conib” também reclamou que “tentou várias vezes falar com o presidente, mas não teve retorno”.

Ora.

Isso é chantagem pura, com Sadi fazendo o papel de garota de recado. Lula tampouco se reuniu com nenhuma associação pró-palestina. A Globo deveria olhar o próprio rabo: nunca entrevistou ninguém que não fosse para defender o ponto de vista israelense.

A “fonte” não tem razão para ficar anônima. É uma covardia que só se justifica no universo do jornalismo de fofoca praticado por Sadi e companhia, sempre às voltas com futricas palacianas fantasiadas de “informação de bastidor”.

A nota da Conib criticando Lula é um escárnio. Segundo a turma, “Israel vem fazendo esforços visíveis e comprovados para poupar civis palestinos, pedindo que eles se desloquem para áreas mais seguras, criando corredores humanitários, avisando a população da iminência de ataques”.

A “cúpula” da Conib tinha uma relação íntima com o extremista de direita Jair Bolsonaro. Em 2019, Fernando Lottenberg apresentou “as ações da comunidade judaica brasileira nas áreas de educação, assistência social e saúde e entregou ao Presidente convite para a cerimônia em Memória das Vítimas do Holocausto”.

O sujeito, é bom lembrar, se orgulhava de mentir que o avô “lutou no exército de Hitler”.

Em 2021, um ano após um ministro de Bolsonaro imitar Goebbels, novo convescote: o presidente da entidade e do Conselho do Hospital Albert Einsten, Claudio Lottenberg (irmão de Fernando), participou de jantar com a “cúpula” (note o deslumbre) do governo federal.

Bolsonaro, ministros e empresários “discutiram medidas para lidar com as consequências da pandemia de Covid-19 no Brasil”. “Tratamos das preocupações com as questões sanitárias e econômicas. Precisamos nos unir num sentimento pró-Brasil, sem polarizar. É um momento de colaborarmos com um único Brasil’, disse Lottenberg.

Não se sabe se os Lottenberg tomaram cloroquina com pão de queijo. Veja: um conselheiro de um dos maiores hospitais do país achou por bem abraçar um negacionista que tirava sarro de pessoas com falta de ar, um canalha que ajudou a matar milhares de brasileiros.

Em 2022, Claudio Lottenberg (é uma espécie de revezamento entre os manos) lançou um manifesto com 8 pontos para garantir que a “comunidade judaica” não apoiava nenhum candidato e era “plural”.

O mais sincero foi Meyer Nigri, empresário judeu que aparece no grupo de WhatsApp golpista com Luciano Hang e amigo do capitão. De acordo com Nigri, “90% da comunidade judaica é a favor de Bolsonaro”. Nigri tem lugar de fala e não pode ser tachado de “antissemita” pelos chegados da Conib.