Presidente da Enel no Brasil se demite após apagão de uma semana em SP

Atualizado em 23 de novembro de 2023 às 17:42
Nicola Cotugno, ex-presidente da Enel no Brasil. Foto: reprodução

Nesta quinta-feira (23), o presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, deixou o cargo, anunciando sua aposentadoria aos 61 anos. Antonio Scala, executivo com 18 anos de experiência na empresa, foi indicado como o novo presidente. A mudança ocorre 20 dias após uma tempestade deixar milhares de moradores sem luz na Grande São Paulo por uma semana.

A Enel enfrenta duas CPIs, uma na Assembleia Legislativa (Alesp) e outra na Câmara Municipal, devido aos problemas decorrentes da tempestade. Cotugno, que já depôs na Comissão estadual, deveria ter saído em outubro, mas permaneceu para garantir a transição com seu sucessor.

“A saída de Cotugno foi definida em reuniões de Conselho das distribuidoras e da Enel Brasil em outubro. Para apoiar o processo de substituição e as recentes contingências, o executivo prorrogou a sua saída para 22 de novembro”, afirmou a empresa em nota.

Poucos dias após o apagão, em 7 de novembro, quando milhares de paulistas ainda aguardava o reabastecimento de energia em suas casas, Cotugno defendeu, em entrevista à Folha de S.Paulo, que a empresa, “se olharmos de uma forma racional e não emocional, está fazendo um trabalho incrível por um fenômeno pelo qual não teve controle”.

Milhares de moradores da Grande SP ficaram sem energia elétrica em casa por até uma semana. Foto: reprodução

O Procon de São Paulo aplicou uma multa de R$12,7 milhões à Enel devido ao não fornecimento de energia após o temporal de 3 de novembro. O órgão constatou que muitos consumidores ficaram sem eletricidade por mais de 48 horas.

A infração resultou na multa máxima prevista no Código de Defesa do Consumidor. O presidente do Procon, Fernando Capez, destacou que a penalidade é justificada pela extensão do problema e pela ausência de ações efetivas da empresa italiana.

A Enel atua em 30 países, incluindo Estados Unidos, Canadá e Espanha. No Brasil, a empresa atende em três estados: Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. No estado paulista, a multinacional, que chegou em 2018, assumiu a Eletropaulo Metropolitana, comprometendo-se a investir R$3,1 bilhões entre 2019 e 2021. Contudo, o Sindicato dos Eletricitários afirma que o investimento foi 10% menor do que o anunciado.

Desde que concluiu o processo de privatização, houve uma redução de quase 36% no quadro de funcionários da Enel. Em 2019, a empresa contava com 23.835 funcionários e colaboradores, incluindo profissionais contratados pela empresa e terceirizados que vieram da antiga Eletropaulo. Já no final de setembro de 2023, a concessionária tinha 15.366 profissionais, uma diminuição de 35,5% em quatro anos.

A área de atuação da Enel-SP abrange 24 municípios, atendendo cerca de 7,7 milhões de imóveis. Após o temporal, 27% ficaram sem energia. A empresa tem sido alvo de críticas devido à terceirização de trabalhadores, queda na qualidade dos serviços e falta de investimentos.

A avaliação da Enel-SP pela Aneel em 2022 foi a pior entre as concessionárias do estado. Apesar disso, seus resultados financeiros mostram um lucro líquido de R$1,113 bilhão nos nove primeiros meses de 2023, um aumento de 28,1% em relação a 2022. A dívida líquida da empresa é de R$6,21 bilhões, com uma redução de 4,11% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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