Marcelo Xavier da Silva, presidente da FUNAI, que foi expulso de evento da ONU nesta quinta-feira (21), já socou o próprio pai e é conhecido pela sua má conduta e por negligência a povos indígenas.
Ele tomou posse da fundação em junho de 2019, primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro. Poucos meses antes de presidir a Fundação, em janeiro, ele teria dado um soco no rosto do próprio pai idoso, de 71 anos, que registrou um boletim de ocorrência. Ele registrou a agressão na delegacia Novo São Joaquim (MT).
Xavier foi ouvidor do órgão entre 2017 e 2018. Em 2017, afirmou em uma reunião gravada entre diretores e servidores que ONGs são “canalhas”, que a fundação fazia mal para os indígenas e que os servidores do órgão tinham “comprometimento ideológico”. Na mesma reunião, ele sugeriu “expropriar” bens de servidores e ONGs.
Marcelo, que tem 42 anos, é delegado e entrou para a Polícia Federal em 2008. Além de ter sido rejeitado na avaliação psicológica em dos concursos, ele foi alvo de duas investigações internas da corporação que questionam sua conduta. Também foi afastado de uma operação de expulsão de invasores de uma terra indígena por suspeitas de estar colaborando com os invasores. Anos depois se tornou presidente de um órgão voltado para a proteção indígena. A nomeação de Xavier foi considerada, por várias entidades indígenas, uma intenção do governo Bolsonaro de enfraquecer a fundação.
Como presidente da FUNAI, desde sua posse, ele não visitou terras indígenas nenhuma vez, de acordo com informações de viagens de servidores públicos disponíveis no portal da transparência. A única viagem registrada foi em junho deste ano, em Cuiabá (MT), para a “Convenção sobre a Internacionalização do Estado do Mato Grosso”. Isso porque sua gestão é considerada parte da política ruralistas do governo Bolsonaro, que é contra demarcações de terras indígenas.
No mesmo mês, em meio ao escândalo da morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, servidores do órgão anunciaram greve e pediram a saída de Xavier por promover “uma gestão anti-indígena e anti-indigenista na instituição”.