O presidente da gigante de papel e celulose Suzano, Walter Schalka, defendeu, em entrevista ao Estadão, o fim da polarização nas eleições e afirmou que finalmente “caiu a ficha” da função de empresários em relação à política. Contra o golpe, ele pediu a “pacificação do Brasil”.
Leia alguns trechos da entrevista abaixo:
Qual é a sua expectativa em relação à eleição presidencial? Deixando claro que esta é minha visão pessoal. Temos de buscar a pacificação do Brasil, a volta da esperança e a reunificação das famílias e de grupos de WhatsApp, em vez da polarização que estamos vivendo. Nesse contexto, é fundamental discutir os problemas reais que o Brasil tem, que são muito sérios. Eles precisam passar por soluções estruturantes. Temos de resolver a questão da educação, que, apesar de universalizada, é de baixa qualidade. Precisamos resolver a desigualdade social e a falta de emprego, assim como a ineficiência administrativa do Estado brasileiro. Temos uma oportunidade na questão ambiental que é tremenda. Precisamos sair da discussão pequena de um contra o outro e construir uma solução pró-Brasil.
Como o sr. vê a questão ambiental no País? O aquecimento global é uma questão indiscutível. (…)
Na minha opinião, isso tem a ver com a redução muito rápida das emissões de carbono, mas também a regeneração. O Brasil tem a maior floresta ambiental do mundo. Se o Brasil chegar aos países do hemisfério norte e propor cobrar bilhões de dólares ao ano pela sua preservação, é muito barato para o mundo.
Além disso, há o problema social da Amazônia, que é seríssimo. Temos todas as condições de fazer negociações de cabeça erguida, para que a preservação da Amazônia se volte a todos os brasileiros, e não aos ilegais que se beneficiam do desmatamento. Essa oportunidade deveria estar no centro da discussão da próxima eleição.
Quanto ao papel do empresário na eleição, é importante que o empresariado se posicione em conjunto, encontrando um meio-termo? Eu nunca vi, na minha experiência pessoal, a mobilização no mundo empresarial que estou vendo neste momento. Parece que caiu a ficha para todo mundo sobre o papel relevante que temos. Nossos votos são iguais aos das demais pessoas. Mas podemos ser líderes de opinião e colocar claramente (nossos posicionamentos) para todos os brasileiros e brasileiras. Isso ficou muito claro.
Falta projeto de país para o Brasil? Estamos à deriva? Há muito tempo, o Brasil não tem planejamento estratégico. Quando um CEO assume uma empresa, a primeira coisa a se fazer é um planejamento estratégico. Quando um presidente é eleito, ele precisa pensar como Estado. Qual é o projeto para o futuro, qual será nossa inserção global e como gerar para o brasileiro uma qualidade de vida adequada? Não podemos ser só um exportador de commodities, como temos nos tornado.