Presidente do Banco Central apresenta quadro devastador da economia, com queda de 5,5% do PIB

Atualizado em 4 de abril de 2020 às 23:44

 

Em uma live realizada na noite deste sábado pela XP Investimentos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apresentou um cenário devastador da economia brasileira.

Segundo estimativa da The Economist Intelligence Unit, o Brasil pode ter uma redução do PIB na ordem de 5,5%, muito mais severa do que os cenários apresentados antes.

“A gente consegue ver que, pelo estudo do Economist I, o Brasil é um dos mais impactados”, declarou na live que era conduzida pelo presidente da XP, Guilherme Benchimol.

Em seguida, ele disse que o estudo da Economist i não coincide com a estimativa do Banco Central.

“Mas eu coloquei para a gente ter uma ideia”, afirmou.

Ele não disse qual é a sua estimativa, mas o Banco Central divulgou no dia 26 de março um estudo que aponta para a estabilidade do PIB em 2020 – sem crescimento nem redução.

No início do ano, o Banco Central trabalhava com expansão de 2,2% do PIB.

É possível que o estudo do Banco Central não seja realista, mas sim uma peça de propaganda sem credibilidade para tentar não desanimar os agentes econômicos.

Se não fosse assim, por que apresentaria os dados da Economist Intelligence, que têm credibilidade e são levados em consideração por investidores?

Pelo estudo, os Estados Unidos terão uma retração de 2,8%. O tombo da Alemanha será bem maior, 6,8% e o da Itália, 7%. Entre os países em desenvolvimento, o PIB da Turquia cairá 3% e o da Argentina, 6,7%.

Se confirmada a previsão da Economist I, será a maior recessão da história do Brasil. É grave, mas, se se considerar que o Brasil vive uma emergência de guerra, é previsível.

O que o país precisará é de um líder para reconstruir a economia tão logo a crise sanitária seja superada. Com Jair Bolsonaro e o liberal Paulo Guedes, será difícil.

O Brasil precisará tomar um caminho parecido com o dos Estados Unidos em 1933, quando, após a Grande Depressão, o presidente Franklin Roosevelt adotou o modelo desenvolvimentista do economista John Maynard Keynes, da escola oposta à de Guedes.

Foi o plano econômico conhecido como New Deal (Novo Acordo), com fortes investimentos públicos e valorização dos salários dos trabalhadores. Deu certo e, em pouco tempo, os Estados Unidos assumiram a liderança econômica do mundo, que lhe permitiu financiar a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra, num plano que ficou conhecido como Marshall.

Enfim, o dano causado pelo coronavírus será grande, mas há remédio para recuperação. Só tem que trocar o médico — no caso, não o Luiz Henrique Mandetta, mas o contador de números Paulo Guedes.

A tabela apresentada por Roberto Campos na palestra

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Abaixo, o vídeo da live. Ele fala da queda do PIB a partir dos 16 minutos.