O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Silmar Fernandes, comparou a declaração do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno das eleições a um travesseiro de penas jogado de um prédio. “Como é que você recolhe [as penas] depois?”, afirmou.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Silmar ressaltou que o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ficar inelegível após acusar o ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), de ter ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo o presidente do TRE-SP, o resultado da ação movida por Boulos contra Tarcísio dependerá das provas.
Confira:
Uma parcela da população ainda traz esse discurso de desconfiança em relação à Justiça Eleitoral. Como ultrapassar essa barreira?
Acho que essa é uma parcela mínima (…). Tem gente que acredita ainda que a Terra é quadrada. Como vou convencer 100% da população? Mas acho que a grande maioria já está consciente de que a urna eletrônica é confiável e que a Justiça Eleitoral existe para ser o fiel da balança da democracia, e nós zelamos por isso.
O quão grave foi a postura do Marçal durante a eleição? Ele pode se tornar inelegível por causa disso?
Se tornar inelegível é possível. Existem dez Aijes [ação de investigação judicial eleitoral] contra ele em andamento. Em tese, uma delas é capaz, se não as dez, pode ser julgada no sentido de torná-lo inelegível. Não conheço os detalhes dessas ações e pode ser que eu seja chamado a julgar essas ações.
E como o sr avalia a suspensão dos perfis?
Era a medida que tinha que ser feita na época e serve também preventivamente como didática. (…) Quando surgiu, em 2016, fake news era uma novidade. Fomos aprendendo. A exploração das redes sociais também é uma novidade. A gente vai aprendendo, acompanhando e aprimorando.
Que tipo de medida a Justiça Eleitoral tem para coibir abusos de poder no dia da eleição?
Uma entrevista dada ao vivo, já foi. É o exemplo que eu sempre dou: é um travesseiro de penas que você vai no alto de um prédio e solta as penas. Como é que você recolhe depois? Essa notícia já estava sendo divulgada. Não tinha uma medida de imediato. Não sei se tirar do ar de todos os meios de comunicação aquela fala surtiria efeito. E faltando algumas horas para o término da eleição. Não sei se houve interferência no pleito. (…) A medida que o candidato fez foi essa, entrou com a ação reclamando do abuso do poder político, e isso vai ser analisado.