Na Assembleia-Geral da ONU, o presidente do Peru, Pedro Castillo, se recusou a ouvir o vergonhoso discurso de Jair Bolsonaro.
O pronunciamento do brasileiro mais pareceu uma das suas tradicionais lives de quinta-feira.
Ele defendeu a cloroquina e espalhou fake news, como se estivesse falando com seus apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.
A certa altura do discurso, Castillo foi visto deixando a sala da cerimônia acompanhado de dois assessores.
Veja abaixo:
Enquanto Bolsonaro faz sua live semanal, dessa vez na ONU, Pedro Castillo, presidente do Peru, deixa a sala.
Quem se identifica curte aqui. pic.twitter.com/iZZ809H6aU
— Alexandre Padilha (@padilhando) September 21, 2021
Quem é Pedro Castillo, o sindicalista que venceu o neoliberalismo de Fujimori no Peru
Pedro Castillo pode ser mais do que uma vitória da esquerda no continente – embalada pelas vitórias de Fernandez na Argentina, Arce na Bolívia, a derrubada do governo direitista paraguaio e a possível volta de Lula ao poder no Brasil.
O sindicalista representa um reencontro do Peru com suas origens andinas e indígenas.
Ainda criança, o pequeno Pedro levantava às 5 da manhã para ajudar a mãe a fazer fogo e preparar o almoço no vilarejo de Puña, na província de Chota.
Para chegar à escola, caminhava por duas horas em encostas de montanhas.
Era tido como louco por mover as mãos enquanto andava – ele dizia que estava escrevendo as tarefas “no ar” e assim saberia a lição quando chegasse ao colégio.
Além de sindicalista, Castillo é professor primário e costuma encerrar seus discursos com uma frase que virou mote de campanha: “palabra de maestro” (“palavra de professor”). O símbolo eleitoral do candidato indígena era um lápis gigante.
Castillo é uma dessas contradições só possíveis na América Latina. Defende a nacionalização dos recursos naturais, ao estilo de Chávez e Morales – o ex-presidente boliviano foi o maior entusiasta de sua campanha.
Mas tem posições sociais conservadoras: é contra o aborto, critica a “ideologia de gênero” e vê com relutância o reconhecimento de direitos de minorias sexuais.
Também causou polêmica ao dizer que fecharia a Suprema Corte peruana e o Congresso. Voltou atrás ao falar que só faria isso “com apoio do povo”.
Mas conquistou o eleitorado ao dizer que usaria o dinheiro dos recursos naturais para impulsionar melhor saúde, educação e segurança pública.
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