“Presidentes que optaram pela economia aprofundaram a desigualdade social na pandemia”, diz Bachelet

Atualizado em 15 de abril de 2021 às 23:38
A saída da crise, segundo Bachelet, depende de ações que garantam renda para os mais pobres e vacina para todos

Originalmente publicado em REDE BRASIL ATUAL

Alta comissária para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), a ex-presidenta do Chile Michelle Bachelet criticou governantes de países pobres e ricos que optaram pela economia em vez de promover a saúde da população. O resultado, segundo ela, foi o aprofundamento das desigualdades sociais causadas pela histórica falta de investimento em áreas sociais, entre elas a saúde.

Bachelet destacou que os países da América Latina e Caribe são os que sofreram mais o impacto. Nessas regiões a pobreza e a pobreza extrema aumentaram. Em 2019, a pobreza atingia 30,5% da população. Em 2020, chegou a 33,7%, o que equivale a 22 milhões de pessoas a mais.

E que o desemprego aumentou, atingindo 44 milhões de pessoas. São as mulheres as mais vulneráveis, assim como povo indígenas, comunidade LGBTI+. Além disso, 3 milhões de jovens correm o risco de não retomar a educação no final da crise.

Pandemia da desigualdade

Bachelet, que é médica, participou hoje (15) de rodada dos Seminários Avançados CRIS 2021: Direitos humanos, pandemia e saúde, promovidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde.

Sem citar nomes, ela lembrou que a desigualdade está presente na prevenção ao contágio, com as pessoas mais pobres impedidas de fazer o isolamento social e adotar as medidas de higiene preconizadas pelas autoridades de saúde. E também na distribuição de vacinas. “Mas sabemos que só estaremos salvos quando todos estiverem salvos”, frisou.

Para a ex-presidenta, ao escolher a economia os governos também ampliaram e estenderam a pandemia, que ela chama de “pandemia da desigualdade”. A saída, afirmou, é que os governos implementem políticas que assegurem a renda e a manutenção dos meios de subsistência e o acesso aos bens e serviços essenciais para os mais pobres. E que adotem medidas para impedir despejos de pessoas desempregadas e promovam a saúde. “Saúde e direitos humanos devem andar de mãos dadas.”