PRF que ensinava tortura com spray de pimenta é demitido por Lewandowski

Atualizado em 19 de agosto de 2024 às 15:47
Ronaldo Braga Bandeira Júnior, agente demitido da PRF. Foto: reprodução

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou a demissão do policial rodoviário federal Ronaldo Braga Bandeira Júnior, que ganhou notoriedade em 2022 ao aparecer em um vídeo polêmico mostrando como torturar detidos dentro de uma viatura usando spray de pimenta.

A demissão, publicada no dia 25 de julho, não está relacionada ao episódio do vídeo, mas sim à participação de Bandeira Júnior na gerência ou administração de uma sociedade privada, o que configura uma infração disciplinar segundo o regime jurídico dos servidores públicos civis da União.

“Quando achei que tudo tivesse acabado e que, enfim, tudo estaria bem, fui surpreendido com a abertura de um processo de 2017/18 em que era acusado de gerência de empresa”, escreveu Bandeira Júnior nas redes sociais. Ele ainda declarou que havia sido absolvido inicialmente, mas que, após um pedido de reabertura do processo, acabou sendo demitido da instituição.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que Ronaldo foi desligado da corporação na data da publicação da portaria. A corporação destacou que a lei proíbe a participação de servidores em gerência ou administração de sociedades privadas, exceto na qualidade de acionistas ou cotistas.

Porém, a PRF não divulgou informações sobre a sociedade privada na qual Bandeira Júnior estava envolvido, alegando que não fornece dados pessoais de seus servidores.

O caso do policial rodoviário Júnior já havia sido alvo de punição pelo Ministério da Justiça três meses antes da demissão, especificamente pelo vídeo em que ele demonstra o uso de spray de pimenta para tortura. Na época, a corregedoria da PRF recomendou a demissão, mas Lewandowski optou por uma suspensão de 90 dias. O ex-policial chegou a comemorar essa decisão nas redes sociais.

O vídeo, gravado em 2016 durante uma aula para alunos de um cursinho em que Ronaldo era professor, veio à tona em 2022 após a morte de Genivaldo de Jesus Santos. Genivaldo morreu asfixiado dentro de uma viatura da PRF em Sergipe, quando policiais jogaram bombas de gás no porta-malas onde ele estava detido.

Embora Ronaldo Braga Bandeira Júnior não tenha tido envolvimento direto nesse incidente, as imagens do vídeo agravaram a percepção pública sobre as práticas de violência associadas a membros da PRF.

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