Antes da fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria para pedir asilo, o país já havia se envolvido num escândalo para ajudar um ex-chefe de Estado a fugir. Em 2018, o ex-primeiro-ministro de extrema-direita da Macedônia do Norte, Nikola Gruevski, procurou ajuda diplomática para escapar da prisão.
Na ocasião, Gruevski havia sido condenado por corrupção em um caso envolvendo a compra de um carro de luxo com dinheiro público. Ele deveria se apresentar à Justiça em novembro após todos os seus recursos serem encerrados, mas decidiu não obedecer a ordem de autoridades.
Depois de três dias , ele apareceu em Budapeste, capital húngara, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, também de extrema-direita, concedeu asilo político a ele. Em 2019, a Justiça do país recusou um pedido de extradição da Macedônia do Norte e, em 2022, o ex-premiê foi condenado novamente por desvio de verbas do seu partido.
Quase seis anos depois da ordem de prisão, Gruevski continua vivendo na Hungria. Na época em que o ex-premiê da Macedônia chegou ao seu país, Orban celebrou sua chegada, dizendo que foi uma “história interessante e emocionante”.
O pedido de asilo de Gruevski lembra a tentativa de Bolsonaro de se esconder na embaixada húngara no Brasil. O ex-presidente se hospedou na sede do órgão diplomático quatro dias depois de ter seu passaporte apreendido pela Polícia Federal.
O ex-mandatário brasileiro já foi chamado de “irmão” e “herói” por Orban, que também se manifestou a favor dele após a operação Tempus Veritatis, que ocorreu no âmbito de inquérito que apura trama golpista para mantê-lo no poder.
Um oficial da embaixada afirmou que Bolsonaro pediu “asilo político” na ocasião em que ficou escondido no local. A defesa do ex-presidente, no entanto, alega que ele ficou hospedado para “manter contato com país amigo”.