Promotora do caso Marielle monitorada pela Abin paralela também investigava milícias

Atualizado em 26 de janeiro de 2024 às 17:50
Promotora Simone Sibilio. Foto: Guito Moreto/Agência O GLOBO

A estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada para monitorar a promotora Simone Sibilio, ex-coordenadora da força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) responsável pelas investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

A informação está na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “(…) ficou patente a instrumentalização da Abin para monitoramento da promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e do motorista que lhe acompanhava Anderson Gomes”, disse um trecho da decisão.

Além do caso Marielle, Sibilio também esteve à frente de investigações importantes sobre as milícias no Rio. Confira:

Operação Intocáveis: Primeira grande operação contra a milícia do Rio que investigou as lideranças do Rio das Pedras e da Muzema. Dentre os acusados estão Adriano da Nóbrega – figura próxima da família Bolsonaro -, Maurição e Beto Bomba.

Escritório do Crime: Grupo de extermínio associado às milícias e liderado por Adriano da Nóbrega, que teria sido morto em um suposto confronto com policiais militares na Bahia.

Homicídios do grupo de Orlando Curicica: O ex-policial militar era um dos líderes da milícia na Zona Oeste e recebeu uma condenação de 25 anos de prisão pelo assassinado de um líder comunitário em Jacarepaguá, Carlos Alexandre Maria, conhecido como Cabeção.

Assassinatos de Geraldo Pereira, Falcon da Portela e Haylton Escafura e Geraldo Pereira: Pereira foi morto em uma disputa pelo comando de máquinas caça-níqueis na Zona Oeste. Falcon, ex-presidente da Portela, foi assassinado em 2016 quando era candidato a vereador no Rio. Haylton Escafura era filho do bicheiro Piruinha.

De acordo com as investigações da Polícia Federal (PF), houve um conluio da atual gestão da Abin para proteger indivíduos envolvidos em um esquema de espionagem ilegal, chamada “Abin Paralela”.

Deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Foto: Sérgio Lima/Poder360

Na última quinta-feira (25), agentes apreenderam computadores, celulares e pen drives nos endereços do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral do órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo apuração da TV Globo, entre os objetos aprendidos, encontram-se um notebook e um celular da Abin.

Na decisão que autorizou a operação da PF, Moraes destacou que Ramagem teria usado a agência para espionagem ilegal em benefício da família de Bolsonaro. Entre as autoridades espionadas estavam a ex-deputada federal Joice Hasselmann; o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana; e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB-RJ).

As investigações da PF indicam que a Abin foi “instrumentalizada” para monitorar ilegalmente diversas autoridades e pessoas envolvidas em investigações, além de desafetos do ex-chefe do Executivo.

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