O conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE), Domingos Brazão, citado em delação pelo ex-PM Ronie Lessa por ser o suposto mandante da morte da vereadora Marielle Franco, enfrenta uma série de acusações que incluem propinas, movimentações financeiras suspeitas e o uso de dispositivos para evitar investigações, segundo informações do Metrópoles.
Com uma trajetória política marcada por cinco mandatos como deputado até 2015, Brazão assumiu a cadeira no TCE em seguida. Em 2017, foi alvo da Operação Quinto do Ouro da Polícia Federal, que investigou o pagamento de propinas a conselheiros da Corte. Na ocasião, Brazão foi preso, mas acabou solto.
O ex-presidente do TCE, Jonas Lopes Junior, principal delator da operação, afirmou que Brazão negociou esquemas de corrupção, envolvendo contratos no Detran e empresas ambientais. Lopes relatou que Brazão evitava telefonemas, trocava constantemente de celular e possuía um “embaralhador de sinal” para bloquear aparelhos de gravação, equipamento apreendido pela polícia.
Brazão, conforme as investigações, recebia e dividia dinheiro em espécie, movimentando R$ 14 milhões em dois anos, elevando seu patrimônio de R$ 13,7 milhões para R$ 18,8 milhões.
Além disso, a quebra de sigilo fiscal revelou que ele declarava possuir R$ 360 mil em dinheiro vivo, enquanto um livro de contabilidade encontrado em sua residência indicava gastos em espécie, somando R$ 1,5 milhão. Nele, havia notas sobre reformas de churrasqueiras, piscinas e sítios.
Na Operação Cadeia Velha de 2017, Brazão também foi alvo de denúncias relacionadas a propinas a políticos do Rio. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre seu envolvimento no embaraço às investigações foi rejeitada em março do ano passado pela Justiça Estadual do Rio de Janeiro.
No caso Marielle Franco, Brazão é suspeito de ser o mandante do crime desde 2019. O ex-PM Ronie Lessa, condenado pela execução da vereadora, citou Brazão em sua delação, reacendendo o interesse dos investigadores sobre o caso.
O conselheiro já foi denunciado pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge por embaraço à investigação. Indícios apontam para um possível envolvimento de Brazão na tentativa de plantar depoimentos falsos para desviar a Polícia Civil dos verdadeiros mandantes do crime.
O ex-miliciano Jorge Alberto Moreth, conhecido como “Beto Bomba”, afirmou em um áudio interceptado que Brazão “encomendou” a morte de Marielle, resultando em um pagamento de R$ 500 mil pelo crime. As investigações continuam em curso.