Não foi como nas tradicionais ‘madrugadas tucanas’, quando tudo se resolvia na passagem de sábado para domingo e então os filiados seguiam às urnas apenas para referendar o que tinham acabado de decidir os cardeais da sigla.
Mas a ausência do decano Fernando Henrique no Centro de Convenções, em Basília, onde se realizam neste momento as prévias do PSDB, acabou soando como um gostinho de ‘virada’ para o grupo de Eduardo Leite, que disputa com João Doria e Arthur Virgílio a vaga para disputar a presidência pelo partido em 2022.
Presidente de honra do PSDB, o ex-presidente declarou há três meses voto no governador de São Paulo. Depois disso, porém, saiu de cena.
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Agora, nas conversas com seus interlocutores mais frequentes, segundo a Folha, FHC tem demonstrado pouco entusiasmo com Doria e chegou a repetir não ter certeza se o partido deve lançar candidatura própria, em lugar de unir-se a outras forças que venham a se opor ao bolsonarismo e ao petismo.
Definida ou não a eleição, o certo é que neste momento o clima é de quase euforia no grupo de Leite e apreensão no de Doria – Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus, também concorre, mas sem chances.
O PSDB conseguiu cadastrar 44,7 mil pessoas para votar numa eleição complexa, em que os votantes foram distribuídos em quatro categorias de importância.
Para complicar, o aplicativo criado para o pleito bugou por excesso de tráfego e os filiados não estão conseguindo votar.
Em nota ao DCM, Marco Vinholi, Presidente do diretório paulista, falou sobre o assunto:
Desde às 8 horas da manhã deste domingo, 21/11, até este momento (12h) o aplicativo Prévias PSDB vem apresentando instabilidade, o que tem impossibilitado os filiados de votarem. Até o momento, 12:30, foram 4:30 praticamente sem o funcionamento do aplicativo. Somente em São Paulo são cerca de 26 mil (62% do total) credenciados que, neste momento, não conseguem acesso ao voto. O Diretório Estadual do PSDB de São Paulo já requereu providências e aguarda que o sistema de votação seja retomado o mais brevemente possível, evitando assim um prejuízo enorme para o filiado exercer o seu direito ao voto.
Vai ter virada?
No tempo das ‘madrugadas tucanas’, viradas de última hora eram coisa corriqueira no PSDB.
Claudio Lembo surgiu numa manhã de domingo com candidato a vice de Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab colou em Serra na disputa pela prefeitura de SP quando ninguém esperava.
No Legislativo, além de ‘viradas’ eram comuns traições – numa delas, Rodrigo Garcia, que será candidato do partido ao governo de SP, passou a perna em Geraldo Alckmin e tomou conta da Assembléia Legislativa, escanteando o deputado Édson Aparecido, então candidato do governador.
Toda essa tradição de divergências torna as prévias deste ano absulutamente imprevisíveis.
Eduardo Leite está sorrindo neste momento, mas quem é tucano sabe que o melhor é conter os ímpetos. Doria ainda respira.