O Partido dos Trabalhadores (PT) e movimentos ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão preparando um manifesto contra o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo, no domingo (25).
A resposta ao ato bolsonarista foi discutida em fóruns com a participação da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e coordenadores das frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. O Prerrogativas também está envolvido no manifesto.
As duas frentes incluem entidades como Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Central de Movimentos Populares (CUT), Central de Movimentos Populares (CMP), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e União Nacional dos Estudantes (UNE).
O texto, que ainda está sendo redigido, deve apontar Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. O manifesto também irá repudiar a tentativa do ex-chefe do Executivo de questionar as investigações da Polícia Federal (PF) para manipular a opinião pública.
“Estamos fazendo um alerta sobre um ato que atenta contra a Constituição, a democracia, o devido processo legal”, disse Gleisi à Folha de S.Paulo.
“Que autoridade, que moral tem Bolsonaro para invocar o Estado democrático de Direito? O último ato dessa gente acabou na depredação da praça dos Três Poderes. Agora o golpista quer ocupar a Paulista”, acrescentou.
Bolsonaro convocou a manifestação quatro dias após ser alvo da Operação Tempus Veritatis. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, o ex-presidente disse que será “um ato pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito”.
O ex-mandatário afirmou que usará o evento para se “defender de todas as acusações” que têm sido imputadas a ele nos últimos meses.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) não deverão ser citados no manifesto. Entretanto, serão cobrados pelo apoio a Bolsonaro diante do que já foi revelado pela PF.
Os dois anunciaram que irão à mobilização e devem ficar no caminhão de som com o ex-presidente.
Segundo o coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, o manifesto pretende ratificar o compromisso do Brasil com a democracia. “O Bolsonaro que ocupou a Paulista no passado [com ameaça de golpe e de desobediência à Justiça] é o mesmo de agora”, disse o advogado.
O grupo considerou a possibilidade de realizar uma reação própria ao ato bolsonarista, mas se juntou à articulação ampla.
O Prerrogativas também discutiu a realização de um evento fechado com lideranças políticas e sociais como uma alternativa à mobilização de Bolsonaro. Entretanto, a proposta não avançou devido ao ambiente polarizado e ao risco de confrontos nas ruas.
Carvalho criticou a presença de Tarcísio e Nunes na manifestação, chamando-a de “vergonhosa” e apontando contradições. “Me estranha e preocupa, embora não me surpreenda, a participação do governador e do prefeito. É uma oportunidade singular para mostrar quem são eles e quem somos nós. Nós sabemos o que eles fizeram no verão passado”, afirmou.