A poluição atmosférica em São Paulo está causando um fenômeno alarmante conhecido como “pulmão tatuado”, segundo o médico patologista Paulo Saldiva. Em entrevista à CNN Brasil, o especialista explicou que o acúmulo de fuligem nos pulmões deixa marcas escuras semelhantes a tatuagens, um sinal preocupante dos efeitos da poluição nas vias respiratórias dos moradores da capital paulista.
De acordo com Saldiva, a fuligem presente no ar não apenas suja superfícies externas, como cortinas e roupas, mas também penetra profundamente no organismo, causando danos graves. “Como essa fuligem não é carvão, não é grafite simples, ela contém substâncias que provocam inflamação”, alertou o médico.
De acordo com o especialista, essas partículas, inaladas diariamente, se acumulam nos pulmões, contribuindo para um processo inflamatório contínuo, o que acelera o envelhecimento do órgão.
O médico apresentou imagens comparativas entre pulmões de fumantes e de não-fumantes expostos à poluição urbana. Nos casos analisados, tanto o tabagismo quanto a exposição à poluição deixaram marcas escuras nos pulmões.
“Enquanto o pulmão de um fumante exibe manchas pretas mais espalhadas, o de um não-fumante exposto à poluição também apresenta marcas escuras significativas”, destacou o patologista, reforçando que ninguém está imune aos efeitos nocivos da poluição.
Saldiva foi além ao afirmar que todos os paulistanos carregam uma “tatuagem” de poluição nos pulmões. “Isso é uma tatuagem de poluição que nos acompanha e uma parte disso vai para fora, para outras partes do corpo”, explicou.
O patologista também mencionou casos mais graves, como o dos cortadores de cana que, durante o período em que a queima da cana era prática comum antes da colheita, apresentavam pulmões severamente comprometidos. Ele comparou essa condição ao que antigamente era visto apenas em mineradores de carvão.
Segundo Saldiva, o acúmulo dessas partículas “faz com que o nosso pulmão envelheça mais depressa”, adverte o médico, reforçando que a poluição urbana, sobretudo em grandes centros como São Paulo, tem sérias consequências para a saúde respiratória a longo prazo.
Veja a entrevista completa:
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