Por Igor Fuser
Sobre a guerra de Putin. Ao tentar resolver uma situação estratégica desfavorável por meio de uma guerra “preventiva” deflagrada sem qualquer perspectiva de uma vitória política, Putin tornou a correlação de forças ainda mais favorável – imensamente mais favorável – ao imperialismo estadunidense.
Cometeu um erro colossal, de dimensões históricas, um erro que coloca em risco a possibilidade de uma distribuição menos desigual do poder no planeta e a própria sobrevivência de uma Rússia soberana. Esse é um erro que só pode ser entendido no contexto do autoritarismo, do alto grau de concentração do poder político na Rússia.
O Estado russo poderia (im)perfeitamente conviver com uma Ucrânia hostil, integrada na Otan, apesar das tensões inevitáveis. Há uma imensa distância entre Ucrânia na Otan e ataque nuclear do tipo “first strike”.
LEIA MAIS:
1 – Trinta anos de um mundo sem a URSS. Por Igor Fuser
2 – A duração dos mandatos e os casos de Merkel, Chávez e Evo. Por Igor Fuser
3 – Trump encerrou o dia como o chefe de um bando de imbecis. Por Igor Fuser
O que a Rússia de Putin poderia fazer?
No longo prazo, a Russia tinha condições de compensar essa situação de assédio militar se fortalecendo economicamente com auxilio da aliança com a China e explorando as diferenças no campo ocidental, especialmente nas relações com Alemanha e França.
Mas não. Putin, o machão, escolheu a guerra e jogou no lixo tudo o que havia sido conquistado em décadas de diplomacia e de comércio exterior, um patrimônio politico cujas origens remontam à Ostpolitik de Willy Brandt…
Que desastre, que desastre, só não acrescento “meu Deus” porque não acredito.
Originalmente publicado no Facebook do autor.