A Funai (Fundação Nacional do Índio), que desde o primeiro dia do governo provisório de Michel Temer está sem presidente, agora deverá se preocupar duplamente.
O PSC (Partido Social Cristão) indicou um general para presidir a instituição. Exatamente. Um militar, cristão, para tratar da questão indígena. É como escalar Luisito Suarez para atuar pela seleção brasileira num jogo contra o Uruguai.
Sebastião Roberto Peternelli Júnior é general da reserva do Exército e pertencente ao partido de conservadores do calibre de Pastor Everaldo, Jair Bolsonaro, Marco Feliciano. De antemão, o general que é simpatizante do período da ditadura, afirmou que aceita e só aguarda uma confirmação do governo.
A maior concentração populacional indígena reside no Amazonas, local que o militar afirma nunca vivido, mas que em virtude de algumas missões como piloto, já “voou pela Amazônia”. É argumento semelhante a um personagem interpretado por Marcelo Adnet no qual satiriza um milionário que diz não saber bem onde fica o Nordeste. Só sabe que é onde se passa em cima no caminho para Miami.
O sargento Peternelli é um militar que não foge ao padrão. Vê a ameaça comunista constantemente a lhe rondar as trincheiras. Vislumbrou uma invasão cubana em terras brasileiras através do programa Mais Médicos. Como defensor do golpe militar de 1964, é daqueles que bradam que “nossa bandeira jamais será vermelha”.
Em homenagem ao período que essa truma costuma chamar de ‘revolução’, ele postou: “52 anos que o Brasil foi livre do maldito comunismo. Viva nossos bravos militares! O Brasil nunca vai ser comunista”.
A falta de políticas indigenistas consistentes e duradouras estiveram conduzindo algumas populações a um quadro de miséria e favelização, com pitadas de violência
e perdas de vidas na defesa de terras. Com demarcações desrespeitadas pelo agronegócio, as violações aos direitos indígenas no Brasil foram se tornando via de regra.
Em vez de valorizar a diversidade multicultural e étnica, enriquecendo o país ao respeitar os verdadeiros donos da terra, planeja-se entregar o assunto aos militares civilizados que rasgaram a floresta para fazer uma estrada até hoje não terminada.
Todo o quadro se deve muito em razão de estar em mãos erradas uma questão de tamanha importância, que sob a tutela de um militar é que não podemos fazer bons prenúncios. Mas onde já estamos vendo Alexandre Frota metido com a educação, ver um general do exército cristão tomando conta de assunto indígenas não é de se
espantar.