Há um padrão nos assaltos a bancos realizados desde maio, em Ourinhos.
A começar pela escolha da cidade alvo: sempre média, com população entre 100 mil e 200 mil habitantes.
Começou por Ourinhos, no interior de São Paulo, depois Botucatu. Ontem Criciúma e hoje Cametá, no Pará.
Os ladrões também usam armas de grosso calibre e disparam muito para o alto.
O objetivo parece ser o de gerar pavor e desestimular que as pessoas saiam de casa.
A ação, em geral, começa com o terror na porta das guarnições policiais.
O assalto na madrugada de hoje parece ser um recado claro de que a quadrilha tem ramificação nacional.
Quase 3.700 quilômetros separam Criciúma de Cametá, no Pará, por via terrestre.
Não daria tempo da quadrilha deixar a cidade catarinense na madrugada de ontem e, doze horas depois, já estar no município paraense.
A quadrilha poderia se deslocar de avião, é fato.
Mas, nesse caso, a investigação ficaria mais fácil, com um universo menor de veículos a serem investigados.
Seria necessário roubar, fretar ou contar com a conivência de proprietários de aviões e pilotos.
Além disso, como em geral são pelo menos 30 ladrões em cada ação, não é qualquer avião que faria o transporte.
Se fosse avião executivo, precisaria de mais de um. Os ladrões poderiam viajar em avião de carreira, mas deixariam brechas para investigação.
A quadrilha parece estar dizendo: estamos em todo o Brasil, e amanhã poderemos estar na sua cidade.
Não se deve descartar que um dos objetivos dessas ações seja justamente o de provocar terror.
Se este for o objetivo, é preciso considerar que seja vingança.
Como se sabe, milícias estão sendo alvo de operações no Rio de Janeiro.
Há relatos, consistentes, de que não é uma ação para desarticular todas as milícias, mas abrir território para quadrilhas rivais.
O envolvimento das milícias com esses assaltos, no entanto, deve ser visto com reserva. É apenas uma hipótese.
O fato incontestável é que as autoridades de segurança estão perdidas, a começar pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que poderia atuar em casos desse tipo.
Ninguém foi preso, ninguém sabe quem são os ladrões extremamente profissionais.
Toda entrevista que está sendo dada por autoridade policial é chute.
Por enquanto, eles só prenderam quatro jovens que cataram o dinheiro que a quadrilha fez chover em Criciúma.
No mais, estão mais perdidos do que cego em tiroteio — nesse caso, literalmente.