Quantas vidas um homem pode viver? Por Carlos Fernandes

Atualizado em 29 de julho de 2017 às 11:38
Paulo

Morrer em vida é a pior de todas as mortes. E são infinitas as maneiras de morrer de morte tão trágica. Morremos quando traímos nossos valores, morremos quando não nos revoltamos com a miséria, morremos quando nos acostumamos com a injustiça, morremos, enfim, lenta e melancolicamente, quando paramos de sonhar.

Mas se a morte já não causa mais espanto, a vida, essa sim, merece ser celebrada. E infinitas também são as formas de viver. E de todas elas, lutar, talvez, seja sua maior expressão. A cada batalha travada em prol de um mundo mais justo, não importa se ganhando ou perdendo, renascemos enquanto ser humano. Maximizamos não somente a potência do existir mas, sobretudo, a do ser e a do viver.

Paulo Nogueira, que tantas batalhas travou por um Brasil escandinavo, viveu – e vive – como poucos nessa terra.  A cada traço seu, cuja soma das letras é sempre infinitamente inferior ao resultado da beleza, da estética, da poesia e da inteligência de sua mensagem, possui o poderoso dom de fazer renascer e reavivar nos seus leitores os mais belos sentimentos de amor ao próximo, decência nas causas, paz no interior e revolta do que legal, legítimo e humanamente não pode ser tolerado.

Paulo não morreu porque Paulo, mais do que um homem, é uma idéia, um sonho, um grito de liberdade. Paulo viverá enquanto existir nesse mundo um único sonhador, enquanto uma única injustiça que seja tenha o seu devido combate, enquanto um único brasileiro esteja disposto a sacrificar seus interesses pessoais em prol do coletivo. Paulo viverá enquanto ainda existirem motivos para viver.

É dessa forma que de luta em luta, Paulo segue vivendo. Sua vida, multiplicada por todas as vidas que ajudou a construir, já não nos permite decifrar quantas vidas Paulo vive. E se é através da luta que Paulo segue bravamente enganando a morte, nós do Diário do Centro do Mundo lhe garantimos querido editor, por muitas outras vidas ainda há de nos acompanhar.