Num momento em que o prefeito do Rio está tendo de lidar com a greve dos garis, num momento em que ele subiu o tom e chamou certos grevistas de “delinquentes e marginais”, o vídeo acima irrompe do nada para atrapalhar sua vida.
Nele, Paes aparece jogando para o alto os restos de uma fruta durante um evento com o vereador Willian Coelho em Sepetiba, na zona oeste da cidade.
Enquanto Willian o elogia, ele dá umas mordidas, arremessa um pedaço. Depois dá mais algumas dentadas e atira outro. Lembra uma cena do filme “O Âncora”, em que o apresentador panaca Ron Burgundy e sua equipe de notícias surgem em câmera lenta atirando embalagens de comida para todos os lados.
O episódio ocorreu em fevereiro. Desde agosto do ano passado, uma lei sancionada por Paes estabeleceu multas entre 157 e 3 mil reais, dependendo do volume de detritos, para quem faz o que ele fez.
Numa nota da prefeitura, ele tenta sair pela tangente: a imagem “efetivamente não mostra Paes jogando ao chão um pedaço de fruta”. Ele não se lembra, mas talvez “tenha lançado o resto de fruta na direção de uma lixeira mais afastada, ou para que um de seus assessores fizesse o descarte em local adequado”. Trabalhar como assessor do prefeito não deve ser um passeio no parque, mas a coisa adquire um viés trágico se na descrição do trabalho estiver esse tipo de tarefa. (“O que você faz?” “Ah, eu descarto o lixão do Eduardo. É muito recompensador”).
O vídeo, evidentemente, está repercutindo nas redes sociais. Na página do YouTube onde está postado, do candidato a deputado estadual pelo PR Alex Castelar, o número de visualizações aumenta exponencialmente. É uma pequena amostra de uma questão também cultural: no sábado, 377 foliões haviam sido presos no Rio por urinar na rua.
Paes acha que encontrou uma solução que seus admiradores consideram genial: acabou determinando que a Comlurb emita uma multa contra ele próprio. O valor não foi definido, mas era bom que fosse. Provavelmente, será uma mixaria. Mais ou menos o salário de um gari.