Publicado originalmente na fanpage do autor no Facebook
POR JEAN WYLLYS
O Brasil é um país que ostenta números assombrosos de assassinatos de defensores de direitos humanos. A insegurança para ativistas está crescente nos últimos anos, sobretudo após a ascensão do fascismo e a normalização da violência política como prática de intimidação aos adversários. A execução de Marielle Franco e de Anderson Gomes, e a demora nas investigações em apontar os culpados e a motivação do crime, agrava a constante sensação de perigo.
Desde o meu primeiro mandato eu sou vítima constante de ameaças de morte — um dos autores dessas ameaças foi preso em 2012 na “Operação Intolerância”, realizada pela Polícia Federal — mas de lá para cá as redes físicas e virtuais de ódio aumentaram e os crimes se intensificaram sem respostas eficazes das autoridades e instituições responsáveis. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA) precisou intervir e solicitar formalmente ao governo brasileiro que tome medidas para proteger a minha vida e minha integridade pessoal, tamanho descaso e negligência perante as ameaças contra ativistas brasileiros como um todo.
Marcelo Freixo não está de fora desta lista. Desde que investigou e denunciou uma das piores e mais perigosas organizações mafiosas do Rio de Janeiro, através da CPI das Milícias, ele recebe constantes ameaças de morte e está permanentemente acompanhado por uma custódia profissional. Há alguns anos a polícia já havia comprovado planos concretos para assassiná-lo. E agora, mais uma vez, outro plano criminoso vem à tona!
Quantos mais de nós precisarão pagar com suas vidas para que algo seja feito de concreto?
Toda minha solidariedade ao Marcelo Freixo e à sua família. Temos que dar um basta a isso tudo e garantir a integridade dos defensores de direitos humanos em nosso país!