Uma figura capturou corações e mentes e virou meme na sessão da 2ª turma do STF que assegurou à defesa de Lula acesso a mensagens apuradas pela operação Spoofing: a “doutora Cláudia”.
Trata-se de da subprocuradora-Geral da República Cláudia Sampaio Marques, que encampou a defesa dos procuradores.
Gaguejando, agressiva, Cláudia chegou chegando: a decisão do relator Lewandowski era “absolutamente desfundamentada”, pois não se preocupou com a violação do direito das mais de 150 autoridades que tiveram sua intimidade “invadida”.
O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin, por sua vez, “sempre teve postura deselegante e agressiva” em relação a Luiz Antonio Bonat, atual titular da Lava Jato, sucessor de Moro.
A ação levada por Lula a Lewandowski, acusou, revelava uma “situação estranha e surpreendente”.
Virou escada dos ministros.
Cármen Lúcia dirigiu-se a ela para dizer que “também achava inusitado” que “a polícia tem acesso a dados, o Ministério Público tem acesso a dados, o juiz tem acesso aos dados e a defesa não tem acesso aos dados? Mas isso não é direito fundamental assegurado?”
Depois, Gilmar Mendes ainda a citaria algumas vezes em seu massacre dos “cruzados de Curitiba”.
Cláudia é casada desde 1991 com o ex-PGR Roberto Gurgel, antecessor de Rodrigo Janot no cargo.
Ela foi encarregada de investigar a omissão na delação premiada dos donos e executivos do grupo J&F. De acordo com o jornal O Globo, ela e o marido formavam “uma dupla temida”.
“Por um motivo simples: concentra-se nas mãos dos dois o poder de decidir se deve ou não ser aberta investigação criminal contra políticos com foro no Supremo Tribunal Federal”, contava matéria de dez anos atrás.
Em 2012, a Istoé escreveu que Cláudia “beneficiou com sua caneta ministros de Estado, governadores, prefeitos e parlamentares”, numa reportagem intitulada “O Casal Arquivador”.
“Em sessão secreta da CPI do Cachoeira, realizada na terça-feira 8, o delegado Raul Alexandre Marques Souza, que comandou a Operação Vegas, fez uma grave denúncia. Acusou o procurador-geral, Roberto Gurgel, e sua mulher, a subprocuradora Cláudia Sampaio, de engavetarem o pedido de investigação apresentado contra o senador Demóstenes Torres em 2009”, diz a matéria.
“A omissão teve importantes consequências políticas. Adiou em três anos a denúncia contra Demóstenes, que voltaria a figurar nas investigações da Operação Monte Carlo, sucessora da Vegas. Porém, mais do que jogar luz sobre a negligência do procurador-geral e seus desdobramentos, a revelação do delegado expôs a existência de um esquema de poder na cúpula da Procuradoria da República, que tem como uma de suas prerrogativas denunciar a corrupção”.
Fernando Collor apresentou requerimento para levar Cláudia à CPI. Ela acabou não sendo convocada.