Quem é Ahed Tamimi, ativista ícone da resistência palestina presa pela segunda vez por Israel

Atualizado em 7 de novembro de 2023 às 9:58
A ativista Ahed Tamimi — Foto: AP Photo/Majdi Mohammed

Ahed Tamimi, de 22 anos, foi presa na última segunda-feira (6) sob a acusação de “incitação ao terrorismo”, conforme alegado pelo Exército de Israel. Ela se destaca por sua luta contra a ocupação ilegal de Israel na Cisjordânia, território administrado pela Autoridade Nacional Palestina (ANP). A resistência de Tamimi, que remonta à sua infância, é vista por ela como uma resposta natural à ocupação de sua terra natal.

Tamimi nasceu em 2001, em Nabi Saleh, norte da Cisjordânia ocupada, e ainda reside lá. Embora inicialmente sonhasse em ser jogadora de futebol, o ambiente de resistência em que foi criada a influenciou de forma significativa. Seu pai, Basem, destaca que as histórias de ataques e detenções do Exército de Israel tiveram um impacto profundo em sua filha.

A família de Tamimi também conta com vários membros que foram considerados “mártires” da causa. Bassem, acostumado a liderar manifestações contra colonos israelenses, descreve Tamimi como “tímida”, mas ao mesmo tempo “suficientemente madura para rejeitar a ocupação de forma responsável”.

O ativismo de Tamimi começou cedo. Em 2012, aos 11 anos, ela se destacou ao enfrentar soldados israelenses. Posteriormente, foi recebida por Recep Tayyip Erdogan, então primeiro-ministro turco. Aos 14 anos, para tentar impedir a prisão do irmão, ela chegou a morder a mão de um militar israelense, momento capturado em uma foto onde Tamimi vestia uma camisa do personagem Piu-Piu, de desenho animado.

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Tamimi mordendo a mão de um militar israelense. Foto: reprodução

Ela foi presa pela primeira vez aos 16 anos, em dezembro de 2017, após um confronto com soldados israelenses. Ficou oito meses em uma prisão israelense. Ao ser libertada, expressou o desejo de estudar Direito com o objetivo de processar Israel em tribunais internacionais por violações e crimes de guerra relacionados à ocupação.

“Vou investir nos meus estudos, porque o conhecimento é a arma mais forte para um lutador”, disse ao New York Times.

Em relação ao atual cenário na Cisjordânia, onde Tamimi reside, a violência atingiu níveis alarmantes nos últimos tempos. A área foi anexada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e embora atualmente seja governada pela ANP, o território permanece sob controle militar israelense. Mais de meio milhão de colonos judeus vivem ilegalmente na região.

No dia 7 de outubro, começou o conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, intensificando a violência na Cisjordânia. Desde então, mais de 120 palestinos foram mortos na região, principalmente em confrontos com militares israelenses.

Recentemente, Tamimi foi presa pela segunda vez, acusada de publicar uma mensagem no Instagram que, segundo as autoridades israelenses, incitava à violência contra israelenses na Cisjordânia. Sua mãe negou que a mensagem tenha sido escrita pela filha.

Para seus apoiadores, Ahed Tamimi é uma figura corajosa que conscientiza sobre a resistência palestina. Sua casa em Nabi Saleh tornou-se um ponto de encontro para ativistas palestinos e estrangeiros que lutam contra a presença de Israel na região. Tamimi acredita que a próxima geração não deveria viver sob ocupação e mantém a esperança de um futuro melhor, livre da opressão.

O rosto de Ahed Tamimi pintado em uma parte da barreira entre Israel e Belém, na Cisjordânia ocupada
O rosto de Ahed Tamimi pintado em uma parte da barreira entre Israel e Belém, na Cisjordânia ocupada — Foto: HAZEM BADER / AFP

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