Publicado originalmente no GGN
As Forças Armadas têm na hierarquia a viga de sustentação da organização militar, sem a qual desmoronam.
A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas (art. 14 da Lei nº 6.880/80). É a hierarquia que legitima a autoridade de quem manda e o dever de obedecer de quem recebe a ordem.
Como diz Hannah Arendt, “A relação autoritária entre o que manda e o que obedece não se assenta nem na razão comum, nem no poder do que manda; o que eles possuem em comum é a própria hierarquia, cujo direito e legitimidade ambos reconhecem e na qual ambos têm seu lugar estável predeterminado. (ARENDT, 1992, p. 129).
Quando militar, Bolsonaro atentou contra a hierarquia e a disciplina. Foi preso e respondeu a inquérito.
“Punido por ter elaborado e feito publicar, em uma revista semanal, de tiragem nacional, sem conhecimento e autorização de seus superiores, artigo em que tece comentários sobre a política de remuneração do pessoal civil e militar da União; ter abordado aspectos da política econômica e financeira fora de sua esfera de atribuição e sem possuir um nível de conhecimento global que lhe facultasse a correta análise; por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial, comprometendo a disciplina; por ter censurado a política governamental; por ter ferido a ética, gerando clima de inquietação no âmbito da OM (Organização Militar) e da Força e por ter contribuído para prejudicar o excelente conceito da tropa paraquedista no âmbito do Exército e da Nação (NR 63, 65, 66, 68 e 106 do anexo I, com agravantes do NR 2 e letra “C” NR 6 do artigo 18, tudo do RDE, fica preso por 15 (quinze) dias”. (Relatório secreto do Centro de Inteligência do Exército (CIE), nº 394, de 1990, com 96 páginas, publicado pelo DCM pela primeira vez).
“Canalha”; “covarde”; “contrabandista”. Era a reputação de Jair Bolsonaro no tempo em que serviu o Exército.
“Ao invés de fazer croqui de bombas, escreva quantas vezes você foi ao Paraguai trazer muamba. Conte sobre os seus problemas no Mato Grosso. Verifique qual é o seu conceito na Brigada Paraquedista.”, diz a missiva, em parte referindo-se ao episódio narrado pelo próprio Bolsonaro à Veja, de que preparava atentados à bomba para promover sua campanha por aumentos de salários. (Informações em reportagem no site Pragmatismo Político)
Em uma outra carta revelada pela imprensa em maio de 91, o então chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Jonas de Morais Correia Neto, o chama de “embusteiro, intrigante e covarde”, acusando-o de “inventar e deturpar visando aos interesses pessoais e da política”, como mostra reportagem abaixo, de 16 de abril de 1991.
Em outubro daquele mesmo ano, quando Bolsonaro já era deputado federal então pelo PDC-RJ (Partido Democrata Cristão), suas frequentes visitas ao antigo emprego para fazer propaganda política e angariar votos contrariaram de tal maneira seus ex-comandantes que estes proibiram a entrada de Jair Bolsonaro nos quartéis do Rio de Janeiro. É que, de acordo com o Comando de Operações Terrestres (Coter) do Exército Brasileiro, Jair Bolsonaro estava insuflando a revolta na tropa.
O general Alberto dos Santos Lima Fajardo, então comandante do Coter, explicou a punição em entrevistas à imprensa. Disse que Jair Bolsonaro estava “insuflando oficiais superiores e sargentos com panfletos criticando exaustivamente o comando da tropa”.
A vida pregressa do ex-capitão Bolsonaro demonstra que a sua estada no Exército foi mais de agitador e terrorista do que de um militar, conforme o manual da corporação. Ele vai para a vida pública política mostrando ressentimento e não amor à farda.
Bolsonaro é um recalcado por não ter continuado no Exército e um ressentido pelo que o Exército lhe fez, pois, a rigor, pela hierarquia da tropa, ele fora expulso, e conseguiu manter-se indo para a reserva pela via jurídica – STM.
E quanto a ser miliciano?
Em 2008, como deputado federal, defendeu as milícias: “Elas oferecem segurança e, desta forma, conseguem manter a ordem e a disciplina nas comunidades. É o que se chama de milícia. O governo deveria apoiá-las, já que não consegue combater os traficantes de drogas”.
Abro aspas para a reportagem do jornalista Gil Alessi no jornal El País.
“Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega. As duas mulheres são o elo entre o senador eleito Flávio Bolsonaro e o grupo miliciano Escritório do Crime, um dos mais poderosos do Rio. O grupo é também suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Segundo o jornal O Globo, Raimunda e Danielle são, respectivamente, mãe e mulher do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, vulgo Gordinho, tido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como uma das lideranças do Escritório do Crime. As duas foram lotadas no gabinete do então deputado estadual Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, mas o filho do presidente diz não ter sido responsável pelas nomeações.
Foram presos cinco suspeitos de integrar a milícia que agia nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema. Além do suposto envolvimento no assassinato de Marielle e Anderson, o grupo é acusado de extorsão de moradores e comerciantes, agiotagem, pagamento de propina e grilagem de terras.
Entre os detidos está o major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira, vulgo Tartaruga, que irá a júri popular no caso da chacina da Via Show, ocorrida em 2003. Apesar disso, em 2004 o deputado Flávio Bolsonaro propôs uma “menção de louvor e congratulações” ao então capitão Pereira. Adriano também foi homenageado. Tanto Ronald como Adriano foram ouvidos em 2018 pela Delegacia de Homicídios como parte das investigações do caso Marielle.”
Atualmente ele é governo!
Eis uma síntese, cronológica, extraída do site Forum:
2011
A juíza Patrícia Acioli é assassinada com 21 tiros no Rio por milicianos. No Twitter, Flávio Bolsonaro coloca a culpa na vítima.
2015
A juíza Daniela Barbosa é agredida por milicianos presos durante uma inspeção no Batalhão Especial Prisional no Rio. Flávio Bolsonaro defende os agressores.
Fevereiro de 2018
Jair Bolsonaro volta a elogiar as milícias. “Naquela região onde a milícia é paga, não tem violência.”
14 de março de 2018
A vereadora Marielle Franco é executada no Rio de Janeiro. Jair Bolsonaro é o único pré-candidato à Presidência a não se manifestar.
13 de abril de 2018
Deputados do Rio votam a concessão da medalha Tiradentes a Marielle. O único voto contrário é do deputado Flávio Bolsonaro.
30 de setembro de 2018
Candidatos do partido de Bolsonaro quebram placa de homenagem a Marielle Franco.
2010 a 2018
Flávio Bolsonaro emprega mãe e esposa de Adriano Magalhães da Nóbrega (aquele homenageado em 2003).
6 de dezembro de 2018
Reveladas movimentações suspeitas do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, que se esconde em uma casa em RIO DAS PEDRAS.
22 de janeiro de 2019
Bolsonarista, cabo da PM de Minas gerais é preso por tráfico de drogas
Ronald Paulo Alves Pereira, aquele que foi homenageado por Flávio Bolsonaro em 2004, é preso em RIO DAS PEDRAS acusado de ser um dos líderes da milícia no Rio e suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle.
22 de janeiro de 2019
Adriano Magalhães da Nóbrega, homenageado DUAS VEZES por Flávio Bolsonaro, tem mandado de prisão decretado e está foragido. Ele é chefe do Escritório do Crime, organização suspeita do assassinato de Marielle.
Prossigo.
A famiglia Bolsonaro tem ligações estreitas com as milícias. Quem matou matar Marielle e onde está o Queiroz, são indagações inquietantes para as quais o Ministério Público e o Judiciário silenciam.
Bolsonaro defendeu o atentado ao Riocentro, ocorrido na noite de 30 de abril de 1981, quando ali se realizava um espetáculo comemorativo do 1º de maio da classe trabalhadora. Teria sido um genocídio caso a bomba não tivesse estourado no colo dos militares terroristas.
Bolsonaro tem por ídolo o coronel Brilhante Ustra, notório torturador, reconhecido pela Justiça como tal, e responsável por graves crimes de lesa-humanidade, conforme o relatório da Comissão Nacional da Verdade.
Pelo exposto é crível reconhecê-lo como um miliciano e ex-militar recalcado e ressentido.
A sociedade brasileira está sob o jugo de um Estado policial de militares e milicianos, acumpliciados por parte da toga do judiciário e do MP.
O governo fede. O astrólogo guru do presidente manda o general Ministro tomar na bosta, o general devolve bosta para o guru da famiglia. Sem equívoco é um governo de bosta, que quer levar o Brasil a ser um país de merda submetido à geopolítica dos EUA e aos interesses do mercado financeiro. Por isso, querem atrofiar a educação para comprometer o devir do país.
Cortar investimentos da educação é castrar o futuro do país e levar o Brasil para esse excremento que tanto apreciam.
Por que não taxam lucros, dividendos e as grandes fortunas? Por que não cobram dos sonegadores as suas dívidas com a previdência?
O “projeto bolsonarista” é destruir a plataforma civilizatória que vinha sendo construída até antes do golpe de 2016.
É imprescindível que as amplas forças democráticas deem um Basta a esse governo de bosta, cujas mãos fedorentas e sangrentas estão enforcando a juventude e o futuro do Brasil.