“Eu sou um tipo de cara livre de stress”, foi sua última mensagem no Twitter.
O chamado Suspeito Número 2 dos atentados em Boston, Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, foi definido por seus colegas como “tão americano como nós”. Robin Young, radialista de uma estação pública, contou que ele era amigo de seu sobrinho, em cuja festa de formatura Tsarnaev esteve. “Estou com o coração partido. Era um menino bonito. Nunca vi isso em minha vida”, escreveu no Twitter.
Segundo o pai de Tsarnaev, Anzor, o filho era inteligente e esforçado. Anzor mora em Makhachkala, capital do Daguestão, república vizinha à Chechênia. “Meu filho é um anjo. Está no segundo ano de medicina nos EUA. É um garoto esperto. Nós o esperávamos aqui nas férias”. O irmão de Tsarnaev, Tamerlan, o Suspeito Número 1, foi morto pela polícia.
Há duas irmãs morando em Nova York.
Uma amiga afirmou que se tratava de um “tipo de cara doce e gentil”. Não era antissocial e participava de reuniões e festas. “Ele era conhecido na nossa comunidade e nunca ficou isolado”.
Ninguém foi capaz de notar traços de antiamericanismo no rapaz. Ao contrário, ele costumava declarar sua gratidão por ter sido aceito na escola e no país. Na rede social VKontakte, o Facebook russo, ele tem várias páginas dedicadas ao islamismo, ao lado de listas de suas músicas favoritas. Formou-se com boas notas no colégio em 2011. Ganhou uma bolsa de 2500 dólares da cidade de Cambridge para estudar lá. Era praticante dedicado de luta greco-romana. Na página do VKontakte, escreveu que considerava “carreira e dinheiro” as coisas mais importantes da vida. Tsarnaev fala inglês, russo e checheno.
Tsarnaev nasceu em 22 de julho de 1993 no Quirguistão, após a guerra de independência da Chechênia, no colapso da União Soviética. Com o tempo, o movimento de independência adquiriu contornos islâmicos radicais.
Anzor chegou a telefonar para o filho. “Nós conversamos sobre as bombas. Eu pedi que ele se entregasse.”
Horas depois da tragédia, Dzhokhar Tsarnaev postou em sua conta no Twitter: “Não existe amor no coração da cidade, proteja-se, pessoal”. Em seguida: “Há pessoas que conhecem a verdade mas permanecem silenciosas & há pessoas que falam a verdade mas nós não as escutamos porque são a minoria”. Sua última mensagem, às 10h43 do dia 16: “Eu sou um tipo de cara livre de stress”.
Para seu tio, que mora em Boston, que dá entrevistas a cada 5 minutos, a sentença está dada: “Entregue-se e peça perdão!”, disse. Emendou para um repórter: “O que mais você quer saber? Ele já está morto”.