Aos 23 anos, Kawara Welch foi presa no início de maio acusada de praticar stalking contra um médico de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. A jovem, que se apresenta como modelo e artista plástica, perseguiu o profissional por cerca de cinco anos, enviando até 1.300 mensagens e fazendo 500 ligações em um único dia.
Segundo o médico, que preferiu não se identificar, ele conheceu Kawara em 2018, quando ela o procurou para tratamento de depressão. No ano seguinte, a perseguição começou. “Ela teve acesso ao meu celular e começou a enviar mensagens e fotos perturbadoras, amarrando lençol, corda no pescoço, se despedindo de mim. Eu entrei em pânico”, relatou ele ao Fantástico.
Kawara não se limitou ao ambiente virtual. Ela procurava o médico tanto em sua clínica quanto no hospital onde ele fazia plantões. “Ela chegou a me passar 1.300 mensagens em um dia e mais de 500 ligações. Troquei de número de celular umas três ou quatro vezes, mas era inútil. Ela sempre encontrava meu novo número”, afirmou o médico.
Nas redes sociais, Welch compartilhava fotos do dia a dia, algumas de suas pinturas plásticas e reflexões religiosas acompanhadas de dizeres bíblicos.
Em seu perfil no Instagram, que já soma mais de 5 mil seguidores, número que cresceu desde a reportagem da TV Globo, os usuários comparam a situação do médico mineiro com a do comediante Richard Gadd, que produziu uma série sobre o tema na Netflix. “Enviado do meu Nokia tijolão”, escreveu uma mulher em alusão às mensagens que o humorista recebia de sua stalker, sempre com a assinatura: “Enviado do meu iPhone”.
A obsessão de Kawara se estendeu à família do médico. Ela contatou a esposa e o filho do profissional, e fez montagens nas redes sociais para parecer que eles tinham um caso. Em 2022, ela chegou a invadir o consultório do médico enquanto ele atendia outra paciente e agrediu a esposa dele.
A polícia foi acionada várias vezes e Kawara foi presa em flagrante em 2022, mas foi liberada após uma semana mediante pagamento de fiança de R$ 3,5 mil. Ela continuou a responder ao processo em liberdade, mas voltou a descumprir as medidas cautelares, resultando na emissão de um mandado de prisão preventiva em março de 2023.
Após ficar mais de um ano foragida, Kawara foi presa na semana passada em uma faculdade em Uberlândia, onde estudava nutrição. A prisão ocorreu depois que a Justiça determinou sua prisão preventiva por continuar a descumprir as medidas cautelares.
O advogado de Kawara, Jean Fillipe Alves, alegou que havia um relacionamento entre ela e o médico. “Temos um arcabouço de provas que mostra a evidente relação dos dois. Ela não consegue ficar longe dele porque ele sempre vai atrás dela, dizendo que a ama e colocando a família como impedimento para eles ficarem juntos”, afirmou o advogado.
No entanto, o médico nega qualquer envolvimento. “Não houve relacionamento algum. Mesmo se houvesse, isso não justifica esse tipo de ação e conduta”, disse o delegado Rafael Faria.