O empresário Reinaldo Moraes, conhecido como “Rei do Porco”, apareceu em um vídeo pra lá de esquisito durante a visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao município de Diamantino, no Mato Grosso. No registro, ele e outros apoiadores são vistos curvados aos pés do ex-capitão, enquanto o ungiam e oravam por ele.
O episódio ocorreu na Suinobrás, sede da empresa de Reinaldo, onde Bolsonaro jantou e passou a noite após um encontro com o ex-prefeito Chico Mendes, irmão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, na última terça-feira (9).
O “ritual religioso” chamou a atenção nas redes sociais, visto que, até onde se sabe, Reinaldo Moraes não é clérigo, ou seja, não é pastor, padre, rabino, xeque, pai de santo ou qualquer outra coisa.
“Tuas palavras dizem que onde ele colocar a planta dos pés, ele vai prosperar. Nós destravamos aquilo que colocaram no seu tornozelo”, disse um dos simpatizantes de Bolsonaro presente no local durante o ritual.
Se isto for cristianismo, eu sou ateu. O evangelicalismo brasileiro foi tomado de assalto por gente sem um pingo de vergonha na cara!
Em outros tempos, unanimemente os crentes chamaram isso de idolatria. Hoje a maior parte defende.
Ou todos viraram idólatras ou o evangelho… pic.twitter.com/MNoFSyOpwY
— Andrade (@AndradeRNegro2) April 11, 2024
Quem é Reinaldo Moraes, o “Rei do Porco”?
Moraes é proprietário do frigorífico Suinobras e fornecedor de suínos para uma unidade de Tangará da Serra (MT). Ele narra um pouco de sua história como zootecnista que se tornou milionário no e-book “Segredos de pai para filho”, detalhando como prosperou após sair do Paraná, seu estado de origem, em Maringá.
Ele se declara evangélico, temente a Deus, e defensor da família e dos valores cristãos. Honestidade, segundo ele, é seu lema e uma das razões pelas quais ele apoia o ex-presidente.
Polêmicas
Em 2020, o bolsonarista foi acusado de poluir nascentes do Pantanal. Uma das sedes da Suinobras está instalada no município de Diamantino (MT), a 182 quilômetros de Cuiabá, onde se encontra um dos principais pontos de recarga de água de toda a planície pantaneira.
A propriedade faz divisa com a Área de Proteção Ambiental (APA) das nascentes do Rio Paraguai, nos limites dos córregos Amolar e Valado. A empresa vem sendo investigada e denunciada desde 2009 pelo Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) como uma das principais responsáveis pela poluição nas nascentes do Pantanal.
Segundo um empresário local, dono de uma pequena empresa de comercialização de grãos na região do médio norte, Reinaldo aplicou-lhe um “calote”. O homem afirma que o apoiador do ex-mandatário deve mais de R$ 1 milhão de reais à ele.
O empresário contraiu um empréstimo bancário para adquirir grãos a fim de fornecer à Suinobras. Reinaldo Morais assinou toda a documentação, comprometendo-se a efetuar o pagamento no prazo acordado, mas não honrou o compromisso e optou pelo calote.
“De que adianta se dizer de direita, bolsonarista, evangélico e defensor da família, se não paga o que deve? Isso é hipocrisia, farisaísmo. Estamos enfrentando extrema dificuldade porque entregamos o produto a ele e não recebemos. Estamos atolados em dívidas no banco e podemos perder tudo o que construímos com muito trabalho porque estamos sendo vítimas de um calote”, disse o empresário.
Vida política
Reinaldo tentou se eleger senador na eleição suplementar de 2020 para preencher a vaga da juíza aposentada Selma Arruda, mas acabou sendo derrotado por Carlos Fávaro (PSD), atual ministro da Agricultura do governo Lula (PT). Na ocasião, ele ficou em 10º lugar.
Segundo os dados apresentados à Justiça Eleitoral na época, o bolsonarista possuía um patrimônio de R$ 158.211 milhões. Entre os bens, havia ações em várias empresas, como Capital Social Empresa LCZSPE empreendimentos e Participações, no valor de R$ 77.129 milhões.
Também constava capital social nas empresas Suinobras Ltda (R$ 22 milhões), Frango Natura Indústria, Comércio e Exportação de Carnes e Derivados Ltda (R$ 14.225 milhões), AFAC – KCP – Empreendimentos Inc.E Const Ltda (R$ 8.412 milhões), entre outros, bem como residências, prédios e aeronaves.
Vale destacar também que, em dezembro de 2021, o empresário levou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e o senador Magno Malta (PL), entre outros expoentes da direita, para conhecer as instalações da Suinobras, no Mato Grosso.