Quem é Paulo Galo, entregador de iFood que se recusava a entregar pedidos acima de R$ 500

Atualizado em 30 de dezembro de 2023 às 18:15
Paulo Galo em cima de moto, com braço levantado em ponte
Paulo Galo começou a trabalhar como motoboy em 2012 – Foto: Scarlett Rocha

Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo de Luta, voltou a repercutir nas redes sociais neste sábado (30), ao afirmar que, quando trabalhava como entregador de aplicativo e via um pedido cujo valor ultrapassava R$ 500, não levava para o cliente porque achava um absurdo o preço de uma refeição ser mais alto que o que ele tinha disponível para fazer sua compra do mês.

Porém, a trajetória do motoqueiro é longa. Nascido em São Paulo em 1989, ele viveu com os pais, que migraram da Bahia, em bairros de periferia e começou a trabalhar ainda na infância, ajudando os pais na procura de flores em uma serra nas proximidades de Santos.

De acordo com o que Galo conta em entrevistas, o movimento hip hop foi sua principal fonte de formação intelectual, social e política.

Foi em 2012, aos 23 anos, que ele começou a trabalhar como motoboy. Três anos depois, após sofrer dois acidentes, ele decidiu que não iria mais se arriscar e procurou outros empregos.

Em 2017, no entanto, ao se tornar pai, voltou a fazer entregas de motocicleta. Tudo continuou igual até março de 2020, quando o pneu de sua moto furou e ele foi bloqueado por uma plataforma, o que gerou uma série de denúncias de sua parte.

Por conta da pandemia da Covid-19, essa classe de trabalhadores passou a ter uma elevação em sua carga de trabalho, fruto das medidas de isolamento social. Porém, segundo os profissionais, a alta demanda não foi acompanhada de melhorias nas condições trabalhistas.

Na época, Galo iniciou uma luta que mantém até hoje, contra a precarização do trabalho. Foi assim que nasceu o movimento “Entregadores Antifascistas”, descrito por ele como uma organização política não formal, inspirada no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Além disso, o motoqueiro também realiza um trabalho nas periferias de São Paulo, por meio da “religiosidade, batalhas de rap, esporte e grupos de estudo”, como diz em seu site.

No perfil que mantém em um site de financiamento coletivo, Paulo relata que, ao fazer as denúncias buscando melhores condições de trabalho para os entregadores de aplicativo, ele acabou sendo bloqueado pelas plataformas, perdendo sua fonte de renda.

“Hoje quero focar mais na luta e poder ter recursos pra viajar o Brasil e ajudar na luta dos entregadores e no trabalho de base nas periferias. A América Latina tem uma rica historia de luta dos trabalhadores e entregadores, o que seria ótimo poder fazer essas pontes pessoalmente, a luta só teria a ganhar. Preciso de tempo pra estudar trabalho, capital e novas formas de organização da classe trabalhadora”, destacou.

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