“Quem está fazendo greve são grandes empresários”, diz representante dos caminhoneiros autônomos

Atualizado em 7 de novembro de 2022 às 21:32
Bloqueio de caminhoneiros na Dutra, em São José dos Campos, interior de São Paulo. Foto: Lucas Lacaz Ruiz

Representantes de caminhoneiros autônomos afirmam que bloqueios e manifestações antidemocráticas não têm apoio da categoria. Os representantes dizem também que não aderiram à “greve geral” que estava sendo convocada por bolsonaristas para esta segunda-feira (7), e afirmam que o fluxo nas rodovias ao longo do dia foi normal, sem bloqueios ou manifestações que atrapalhassem o trajeto. Com informações da Folha de S.Paulo.

O presidente da associação de caminhoneiros em Oliveira, em Minas Gerais, Daniel Reis de Paula, conhecido como Queixada, diz não ter tomado conhecimento de nenhum movimento de paralisação ou greve.

“Quem está fazendo greve são grandes empresários, inclusive do ramo de transporte”, diz. “Autônomo não está tendo tempo nem de parar para almoçar, quanto mais para fazer greve”, completa Queixada.

A greve geral convocada por bolsonaristas teve paralisações localizadas no Sul e Centro-Oeste do país, além de fake news sobre empresa que teria aderido e uso de vídeos de atos de 7 de setembro.

A convocação começou a circular nas redes sociais na última sexta-feira (4), pedindo a adesão de empresários: “Feche sua empresa, indústria, fábrica e comércio e vamos lutar contra a instalação do comunismo”.

Bolsonaristas convocam para ‘greve de empresas’ no dia 7 de novembro. Foto: Reprodução

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística, Carlos Alberto Litti Dahmer, disse não ter ficado sabendo de movimentos de paralisação. Assim como Queixada, ele ressalta que não há envolvimento de caminhoneiros autônomos nos recentes atos antidemocráticos.

“Dentro da categoria dos caminhoneiros, foram as grandes empresas que estiveram presentes. Transportadoras e grandes empresários. O caminhoneiro autônomo que estava nas rodovias ficou preso”, afirma.

Em sua visão, os protestos golpistas não são pauta de uma categoria econômica, mas de cidadãos que não aceitam o resultado das urnas: “Tendo acabado a eleição e determinado candidato ganhado a maioria dos votos, tem que aceitar. Isso se chama democracia”, diz.

O presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, Plínio Dias, também afirma não saber sobre lideranças da categoria que estejam participando dos bloqueios ou da greve geral: “No dia de hoje, que era para fechar tudo, não vi nenhuma manifestação de caminhoneiro. Eu saí com meu caminhão de Curitiba, fui até Paranaguá, carreguei o caminhão e estou chegando de volta. Não vi nada de manifestação”, comenta.

Relato semelhante é feito por Marcelo da Paz, caminhoneiro que atua na região do Porto de Santos, em São Paulo. Segundo ele, houve motorista que saiu de Santos nesta segunda, atravessou o estado de São Paulo até chegar em Mato Grosso, e já está retornando sem relatos de intervenções nas pistas.

O caminhoneiro também destaca que a categoria não tem nenhum envolvimento com os bloqueios nas rodovias, tampouco compactua com manifestações antidemocráticas.

“Nosso entendimento é de que o voto do povo é soberano”, diz. “Respeitamos a democracia, o presidente Lula ganhou porque teve o maior número de votos”.

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