Alguém está mentindo: os suíços ou Eduardo Cunha.
Faça a sua aposta.
Em seu depoimento hoje na Comissão de Ética da Câmara, Cunha voltou a dizer que não tem conta no exterior. Isso dias depois de as autoridades suíças dizerem que só devolvem ao Brasil o dinheiro congelado das contas de Cunha caso ele seja efetivamente punido.
É uma bofetada merecida, justa, admirável esta que os suíços estão dando nas autoridades brasileiras.
Eles entregam as provas do dinheiro sujo de Cunha na Suíça. E vai passando o tempo e Cunha continua a mandar no Brasil. Nomeia figuras relevantes na administração Temer, como seu advogado. É o mentor do novo líder do governo na Câmara. E fez chegar ao comando da EBC a mesma alma gêmea que pusera na TV Câmara.
Cunha parece indestrutível, um super-homem do mal para o qual não existe sequer a kriptonita.
Cunha é um enigma que intriga não apenas os brasileiros – mas o mundo. Que mais ele teria que fazer para ser preso e jogarem fora a chave da cadeia: matar a mãe? Bater a carteira e a toga dos magistrados do STF?
Na entrevista que concedeu ao jornalista americano Glenn Greenwald, Dilma disse que o líder do golpe foi ele, um mestre na arte de jogar “nas trevas”.
E foi mesmo. As demais forças golpistas foram secundárias diante de Eduardo Cunha: Globo, Temer, Aécio, FHC, Gilmar Mendes etc etc.
E ele continua a assombrar e insultar os brasileiros, como se viu na tarde de hoje.
Disse que o que tem na Suíça é um trust, que na prática é a mesma coisa que conta. Ou alguém acha que os suíços iriam denunciá-lo se fossem coisas diferentes? Eduardo Cunha parece querer nos fazer acreditar que os suíços não entendem nada de produtos financeiros, e nem da forma como certas contas são abastecidas por corruptos de todo o mundo.
É como se ele tivesse sido apanhado roubando sapatos numa loja, e depois dissesse que não levou sapatos, mas calçados.
Eduardo Cunha é o que existe de mais putrefato na política brasileira. Ele faz que corruptos cínicos e contumazes como Aécio pareçam o papa Francisco.
Sua influência na era Temer é a prova incontestável de que tudo que se viu na campanha moralista dos anos de Lula e Dilma no Planalto não foi contra a corrupção. Foi contra o PT.
Os suíços parecem saber disso. Devem desconfiar de que, se remeterem ao Brasil sem garantias os milhões de dólares de Cunha em contas secretas na Suíça, o dinheiro vai terminar na mão dele mesmo, Cunha. São consideráveis as chances de que ele vai continuar a levar a vida de fausto proporcionada por sua roubalheira frenética enquanto Dirceu apodrece na cadeia, quebrado e abandonado.
Mas esta é outra história.