Quem ganha, perde ou empata na corrida presidencial. Por Andrei Meireles

Atualizado em 6 de outubro de 2018 às 15:43
Candidatos à Presidência

Publicado originalmente no site Os Divergentes

POR ANDREI MEIRELES, jornalista

Para quem não está nas cabeças no páreo para vencer as eleições, o número de votos pode ter sabor de vitória ou de derrota. São os casos de alguns presidenciáveis que entraram na disputa sem maiores pretensões e de outros que esperavam vencer e encolheram durante a campanha.

Marina Silva, por exemplo, sem partido e nem tempo de tevê, começou a corrida com bom cacife na campanha, aparecendo nas pesquisas (em que Lula não estava na disputa) na segunda colocação. Quando Haddad, turbinado por Lula, teve uma ascensão meteórica, Marina encolheu a ponto de virar uma candidata nanica. O desempenho da Rede em outras eleições país afora também é fraco.

João Amoêdo, um ilustre desconhecido, sem tempo na tevê, se cacifou como liderança emergente de uma direita mais moderna. Tem fôlego e discurso para futuras campanhas. Seu partido, o Novo, que hoje não tem nenhum representante no Congresso deve eleger, de acordo com levantamento do Diap, entre 5 e 10 deputados federais.

Henrique Meirelles apostou alto, inclusive muito dinheiro próprio, e vai sair, depois de uma campanha tida por especialistas como bem feita, com bem menos votos do que esperava, mas conhecido em todo o país. Como é um voo solo – o MDB se dividiu no apoio a vários presidenciáveis de acordo com seus interesses regionais –, seu desempenho nas urnas não causa nenhum impacto político.

Álvaro Dias entrou e saiu da campanha como uma liderança regional, mas mesmo no Sul a polarização nessa reta final está reduzindo seu cacife eleitoral. Seu partido, o Podemos, foi uma escolha de ocasião porque não havia espaço para a candidatura em siglas de mais peso. Pelas contas do Diap, o Podemos sai das eleições mais ou menos com o tamanho que entrou.

Geraldo Alckmin é um fenômeno eleitoral às avessas. Com amplo apoio partidário, um latifúndio de tempo no rádio e na tevê, e a sigla PSDB que com Fernando Henrique venceu duas no primeiro turno e perdeu outras quatro no segundo turno. Uma das explicações é o monumental desgaste tucano com as denúncias contra os seus principais líderes — Aécio Neves, José Serra e o próprio Alckmin. Apesar disso, porém, o PSDB tem chances de vencer eleições para governador em estados do peso de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Alckmin passou a campanha inteira subindo um pontinho em uma pesquisa, perdendo outro pontinho no levantamento posterior, e chega ao fim como principal vítima da sua campanha pelo voto útil. A turma do Bolsonaro assedia os tucanos na expectativa de liquidar a fatura no primeiro turno. O pessoal do Ciro Gomes, que se apresenta como única alternativa viável a uma final entre Bolsonaro e Haddad, também corre atrás dos eleitores do PSDB. Com tantas agruras, pode ser o fim da carreira política de Alckmin e de toda uma geração de tucanos — tem uma turma nova batendo à porta.

Fernando Haddad investe tudo em passar para o segundo turno e, lá, tentar reverter o jogo, hoje favorável a Bolsonaro. Se não conseguir, mais do que sua carreira política, ele põe em risco o futuro do próprio lulismo.

A conferir.