“Quem quiser o poder que dispute eleições”, explica Lula sobre não ter decretado GLO em 8/1

Atualizado em 7 de janeiro de 2024 às 9:13
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente do Brasil. Foto: reprodução

Há um ano, Lula se viu em uma situação jamais testemunhada em seus mandatos anteriores: em uma viagem presidencial, o político descobre que milhares de manifestantes e apoiadores bolsonaristas invadiram a praça dos Três Poderes por não concordaram com o resultado das eleições. E, por desconfiança militar, o mandatário optou por não decretar uma Garantia da Lei e da Ordem.

“Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino [da Justiça], e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO. E eu disse ao ministro Flávio Dino que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições”, disse o presidente, em entrevista à Folha de S. Paulo. Na GLO, o exército fica a cargo da segurança da região onde a ordem é decretada.

“Por que eu, com oito dias de governo, iria dar para outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que tinha que resolver na política? E foi resolvida na política”. No lugar da GLO, então, Lula preferiu por uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal.

Após os ataques, o segundo no Ministério da Justiça Ricardo Cappelli, foi recém-designado interventor. Estava sob responsabilidade dele a missão de desmontar o acampamento dos golpistas que marcharam em direção a praça dos Três Poderes. O Exército, por sua vez, era contrário a operação e o desfecho da situação só aconteceu após a chegada dos ministros Flávio Dino (Justiça), José Múcio Monteiro (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil) em Brasília.

Bolsonaristas sendo presos após atos golpistas de 8 de janeiro. Foto: Ueslei Marcelino

O dia seguinte de 8 de janeiro

Na entrevista, Lula também relembra que foi fortemente incentivado a não ir pra Brasília depois dos ataques: “Tinha gente que não queria que eu viesse para Brasília, voltasse para São Paulo. Que ao invés de eu vir de Araraquara para cá, que eu ficasse lá e eu disse: não. Eu vou para Brasília, vou para o hotel e vou para o Palácio. Eu ganhei as eleições, eu tomei posse. O povo me deu o direito de ser presidente durante quatro anos. Eu não vou fugir à minha responsabilidade”.

Mas, na manhã de 9 de janeiro, o presidente se encontrou com os chefes dos três Poderes e governadores ou representantes dos 26 estados e o Distrito Federal já em Brasília. Todos caminharam do Palácio do Planalto até o STF para ver os estragos da multidão.

“O gesto de todo mundo se encontrar aqui no Palácio do Planalto e depois visitar a Suprema Corte foi um gesto muito forte, que eu acho que é a fotografia que o povo brasileiro vai se lembrar para sempre e nunca mais a gente vai querer dar ouvidos a pessoas que não gostam de democracia”, acrescentou.

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