Nesta quarta-feira (9), o mundo se chocou com o assassinato a tiros do presidenciável equatoriano Fernando Villavicencio, do Movimiento Concertación. O candidato, que fazia um evento eleitoral em Quito, recebeu três tiros na cabeça e faleceu.
A organização criminosa Los Lobos, considerada uma das mais poderosas do país, anunciou que é a responsável pelo assassinato do candidato, que estava em 4º lugar nas pesquisas com menos de 10% de intenções de voto.
A entidade afirmou que Villavicencio havia feito acordos com Los Lobos e não cumpriu suas promessas.
“Queremos deixar claro para todos que cada vez que políticos corruptos não cumprirem com suas promessas antes estabelecidas, quando receberem nosso dinheiro – que são milhões de dólares -, para financiar suas campanhas, serão executados”, diz um porta-voz rodeado de outros criminosos. A polícia não confirma a veracidade do vídeo.
“Assumimos a responsabilidade pelos fatos ocorridos esta tarde (a morte de Villavicencio) e afirmamos que eles se repetirão quando os corruptos não cumprirem suas palavras”, completam os criminosos.
Video difundido en redes muestra a un grupo de encapuchados armados que se autodenominan Los Lobos y se atribuyen la muerte del candidato presidencial ecuatoriano Fernando Villavicencio. https://t.co/5XvVvm6Dvi
— RT en Español (@ActualidadRT) August 10, 2023
O Equador, apesar de ser um país andino, não é um dos grandes produtores de droga da América Latina. O país serve como entreposto comercial por conta do porto de Guayaquil, o principal do país, que tem sido palco de uma disputa criminosa entre grupos organizados.
O porto de Guayaquil é estratégico para o escoamento de drogas, armas e outras atividades criminosas, em especial para levar drogas já produzidas na Colômbia e no Peru para o México e para os EUA.
Desde os anos 70, o porto tem sido um ponto de saída de drogas, o que torna a região um alvo atraente para os cartéis mexicanos.
No ano passado, uma onda de violência deixou mais de 10 pessoas mortas dentro do porto e uma guerra de gangues aberta nas principais cidades equatorianas
Acredita-se que a disputa seja pelo poder e pelo território para o transporte de drogas, armas e outras atividades ilegais. A violência relacionada ao tráfico de drogas tem aumentado em Guayaquil, com bairros tomados por gangues e massacres em presídios.
Los Lobos são uma facção criminosa que opera no Equador e é vista como a segunda maior do país, apenas atrás de Los Choneros.
A disputa entre os dois grupos é similar à que ocorre no Rio de Janeiro entre, por exemplo, Comando Vermelho e Amigos dos Amigos, onde uma segunda facção é formada após disputas internas dentro da facção maior. No caso equatoriano, Los Lobos são uma dissidência da Los Choneros.
A disputa pelo controle do entreposto do porto de Guayaquil e pelo domínio de bairros em diversas cidades grandes do Equador é o principal ponto de disputa entre as gangues equatorianas, que recebem financiamento de organizações criminosas mexicanas.
Além de Villavicencio, Los Lobos afirmaram ter financiado a campanha de Jan Topic, mercenário equatoriano de extrema-direita, que fez as manchetes ao redor do mundo por ter fumado maconha em um podcast durante sua campanha presidencial.