Quem são os houthis e por que os EUA os atacam? Um guia para entender o grupo iemenita

Atualizado em 12 de janeiro de 2024 às 17:37
Os houthis, grupo rebelde do Iêmen

Após uma série de ataques a navios no Mar Vermelho, atribuídos aos houthis, os Estados Unidos e o Reino Unido responderam com ofensivas militares no Iêmen. Os houthis, um grupo aliado ao Irã com base no Iêmen, denunciaram esses ataques como “bárbaros” e justificaram suas ações como uma reação ao bombardeio de Gaza por Israel e à inércia internacional para interrompê-lo.

Este grupo tem como alvos primários embarcações associadas a Israel, e, em resposta, os EUA lideraram a formação de uma coalizão multilateral, agora composta por mais de 20 países, para proteger as rotas comerciais marítimas, conforme informado pelo Pentágono.

Os houthis, também conhecidos como Ansar Allah (Apoiadores de Deus), emergiram na década de 1990, ganhando notoriedade em 2014 ao rebelar-se contra o governo iemenita, levando a uma crise humanitária e ao controle de grandes partes do país, incluindo a capital, Sanaa. Apoiados pelo Irã, eles têm lutado contra uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, com tentativas esporádicas de negociações de paz.

No contexto da guerra civil iemenita, que já dura uma década, os houthis controlam regiões significativas do país. O governo oficial do Iêmen, agora sediado em Áden, é liderado pelo presidente Rashad al-Alimi, sucedendo Abd-Rabbu Mansour Hadi em 2022. A ONU classifica a situação no Iêmen como a “pior crise humanitária do mundo”, com mais de dois terços da população necessitando de ajuda humanitária urgente.

Em 2023, houve uma troca de cerca de 800 prisioneiros entre os houthis e as forças do governo, e negociações de cessar-fogo com a Arábia Saudita estão em andamento. Os houthis também estão em diálogo com autoridades sauditas para negociar um cessar-fogo duradouro, impulsionado pela normalização das relações entre a Arábia Saudita e o Irã.

Os ataques dos houthis aos navios visam pressionar Israel a encerrar a guerra em Gaza. Em novembro, eles assumiram um navio de carga, convertendo-o em uma atração turística. O grupo reiterou seu compromisso em apoiar o povo palestino e continuar os ataques a embarcações ligadas a Israel.

Esses ataques também resultaram em um aumento do recrutamento interno e pressionaram outros países a negociar com os houthis, buscando legitimidade internacional. O tráfego pelo Mar Vermelho e Canal de Suez, que representa uma parcela significativa do comércio marítimo mundial, foi impactado, com empresas de navegação desviando rotas.

Analistas temem que esta escalada possa ameaçar a frágil paz no Iêmen, principalmente diante das negociações de paz em andamento. Uma resposta militar dos EUA poderia desestabilizar o atual cessar-fogo. Por outro lado, o aumento das relações dos houthis com a Arábia Saudita pode ser um fator dissuasório para ações que intensifiquem as tensões no Iêmen.