Quem será o cabeça de chapa? Por Octavio Costa

Atualizado em 10 de fevereiro de 2021 às 12:45

Publicado no Ultrajano

POR OCTAVIO COSTA 

A esquerda sabe que não tem chance se sair dividida em 2022. Terá de escolher entre Lula, Haddad, Ciro, Boulos e Flávio Dino

Depois de lançar o nome de Fernando Haddad à corrida sucessória de 2022, o ex-presidente Lula viu renascerem as chances de tornar-se elegível. Em entrevista ao portal Jota, especializado em temas jurídicos, o ministro Gilmar Mendes informou que a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal vai retomar o julgamento sobre a suspeição do ex-juiz Sergio Moro logo depois do Carnaval.  E explicou que a decisão terá reflexos na condenação do ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá.

Quando o julgamento foi interrompido no ano passado, os ministros Édson Fachin e Cármen Lúcia haviam votado contra a defesa de Lula. E Gilmar pediu vistas do processo. Faltam, portanto, os votos de Gilmar, Lewandowski e Nunes Marques. Na entrevista ao Jota, Gilmar antecipou seu voto: “Precisamos dar ao ex-presidente um julgamento digno, um julgamento justo”. Ele deve ser acompanhado por Lewandowski e  Nunes Marques. Os três garantiram o acesso da defesa de Lula às mensagens trocadas entre Moro e os procuradores da Lava-Jato.

Se a vitória de Lula no STF se confirmar (resta dúvida apenas quanto ao voto de Nunes Marques), a condenação no caso do tríplex cairá por terra e a inegibilibilidade será afastada. Em outras condenações, como a do sítio de Atibaia, diz Gilmar, haverá nova discussão e novo exame. Mas, com o sinal verde da Segunda Turma, ficará mais viva do que nunca a possibilidade de o ex-presidente Lula disputar as eleições de 2022. Alguns dizem que o líder do PT não está disposto a se candidatar por causa da idade. Lula nasceu em outubro de 1945 e, se eleito, iniciaria o terceiro mandato com 77 anos. Vale lembrar, porém, que Joe Biden acaba de assumir a Presidência dos Estados Unidos com 78 anos.

Se parte da esquerda considerou precipitada a pré-candidatura de Haddad (Boulos, por exemplo, argumentou que antes deve-se discutir um projeto), a pergunta agora é qual será a reação se o ex-presidente Lula entrar no páreo?  Qualquer que seja a negociação, é difícil imaginar que PSOL e PCdoB se oponham à primazia de Lula para a cabeça de chapa. Ciro Gomes talvez insista em correr em raia própria. Ou talvez se conforme em ser vice. A ver.

Uma coisa é certa: quem tem os pés no chão sabe que a esquerda só vai derrotar Bolsonaro se não estiver dividida. Não será difícil traçar um projeto comum para tirar o país do buraco. Nossas preocupações são comuns. Há que resgatar o papel do Estado e adotar políticas de renda e emprego que tornem o Brasil mais justo. Se, entre 2008 e 2010, chamamos a atenção de todo o mundo com políticas econômicas anticíclicas, o caminho do desenvolvimento e da redução da pobreza pode ser retomado por um governo comprometido com as causas populares.

Que os partidos de esquerda se sentem à mesa e discutam desde já os nomes que estão postos: Lula, Fernando Haddad, Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Flávio Dino. Tudo pode acontecer nas discussões. Até mesmo o ex-presidente Lula anunciar que não será candidato. Só não é possível cometer erros que levem a uma nova derrota para Jair Bolsonaro. Deus nos livre de um segundo mandato do Capitão Corona!