PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG TIJOLAÇO
Por Fernando Brito
Que me desculpe o Fernando Gabeira pela a apropriação indébita do título de seu livro para definir a situação do atual (com 48 dias já temos de nos referir assim a ele) Presidente da República.
Quem prometeu tanto para os “100 dias de governo” completa amanhã, quando sair – se sair – a exoneração de Gustavo Bebianno, 100 horas de um impasse impensável, com a manutenção de alguém que chama de “mentiroso” e que vaza para a imprensa barbaridades em off contra seu governo.
Nada pior para alguém que se elegeu apresentado-se como o “macho” que, no peitaço, ia por ordem no governo.
Pois Bolsonaro, ao contrário do Capitão Rodrigo Cambará de Érico Veríssimo – o do “Buenas e me espalho, nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho” com que explicava o manejo do facão – está “tirando o papel de fraco” na briga de botequim quase transformou a demissão de Bebianno.
Não demitiu, ofereceu uma sinecura de R$ 67,6 mil mensais como “cala a boca”, fez que aceitaria manter o ministro “mentiroso” e dar um puxão de orelhas no filho.
Horas depois, “última forma” e a caneta BIC, em tese, voltou a ser um machado.
Se Bebianno disse ou não que Bolsonaro “é um louco”, um “perigo para o Brasil” – expressões registradas por Lauro Jardim – ou se chegou a admitir, como informa Gerson Camarotti, do G1, que tem o dever de “pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro” é o de menos.
Ainda que não tenha dito – e duvido – tais coisas, encontrou integrantes do governo Bolsonaro a dizerem o que disse, até como forma de expressarem o que pensam.
Sinal de que não se tem tanto medo mais do “facão do capitão”.
Que descerá, é certo, nesta segunda-feira sobre o pescoço de um Bebianno que é imensamente maior do que era 100 horas atrás.
Mas que está impedido, pelo menos por algum tempo, de descer sobre qualquer outro pescoço.